“A GENTE TEM O DIREITO DE AMAR TAMBÉM, A GENTE TEM O DIREITO DE FAZER FACULDADE TAMBÉM. SENDO GAY, SENDO PRETO, SENDO GORDO, SENDO BRANCO, MAGRO, O QUE FOR”
Branquitude; Cisheteronormatividade; Interseccionalidade; Universidade; Gays.
Este projeto buscou compreender a dinâmica interseccional entre a branquitude e a cisheteronormatividade, e o preconceito e a discriminação produzidos por esses ideais nos eixos de raça, classe, gênero e sexualidade, que perpassam as instituições sociais e suas relações na vida cotidiana. Nessa direção, buscou compreender a partir das vivências de universitários negro e gay, práticas e lógicas de funcionamento da branquitude e da cisheteronormatividade em uma Instituição Pública de Ensino Superior no interior de Minas Gerais. Para dialogar teoricamente com as experiências dos colaboradores, foi considerada a produção de conhecimento do Feminismo Negro e das Perspectivas Decoloniais, e também utilizado o potencial analítico do conceito de interseccionalidade em relação às categorias de raça, classe, sexualidade e gênero. Este é um estudo qualitativo com pressupostos filosóficos de base reivindicatória e participatória que está compromissado com a construção de uma agenda política. Dessa forma, considera as pessoas historicamente marginalizadas e o compromisso com a transformação de sua realidade social. Assim, como ferramenta metodológica foram realizadas entrevistas narrativas com os colaboradores a respeito das suas experiências de no contexto universitário. As vivências foram discutidas e analisadas a partir da
Análise Crítica do Discurso, que considera as bases culturais históricas e as relações de poder na produção de significados e que moldam as experiências na realidade social. Foram identificadas práticas de racismo e machismo no âmbito das relações afetivas e sexuais nas vivências universitárias; a branquitude e a cisheteronormatividade operam na Universidade através de um processo de inclusão/exclusão no âmbito das relações sociais. Por fim, também ficou evidente que a estrutura do conhecimento na dimensão da formação no ensino superior é eurocentrada, e ainda mantém práticas de epistemicídio no que tange aos processos de formação na graduação. Propomos o diálogo da
Universidade com os movimentos sociais e políticas públicas que ampliem as ações afirmativas e promovam a justiça social, de modo a desestabilizar os ideais de branquitude e cisheteronormatividade que historicamente produz violências, desigualdades e exclusão. Por fim, acentuamos a necessidade de pesquisas no campo das relações afetivas e sexuais no contexto universitário que abranja a comunidade LGBTQIAPN+ universitária, e não somente a comunidade gay.