SAÚDE MENTAL, PROJETO DE VIDA E ADAPTABILIDADE DE CARREIRA EM PESSOAS TRANSGÊNERO E TRAVESTIS: UM ESTUDO COMPARATIVO E DE MÉTODO MISTO
saúde mental; projeto de vida; adaptabilidade de carreira; pessoas trans; futuridade; método misto.
Fundamentação teórica: A pesquisa parte do entendimento de que pessoas trans e travestis
vivenciam desigualdades estruturais que impactam sua saúde mental, suas possibilidades de
projetar o futuro e sua relação com estudos e trabalho. Sofrimento psíquico, rupturas
biográficas, discriminação e falta de reconhecimento social afetam a capacidade de construir
trajetórias estáveis e de sustentar esperança, otimismo e agência. Ao mesmo tempo, redes de
apoio, pertencimento comunitário e afirmação identitária fortalecem resiliência e
enfrentamento. Construtos como projeto de vida, futuridade, esperança, adaptabilidade de
carreira e bem-estar subjetivo permitem compreender como diferentes grupos constroem
sentidos sobre si, o tempo e o futuro. Objetivo principal e específicos: O objetivo central é
comparar indicadores de saúde mental, bem-estar, projeto de vida e adaptabilidade de
carreira entre pessoas trans/travestis e cisgênero, investigando como fatores psicossociais e
contextuais afetam expectativas de futuro e trajetórias vocacionais. Especificamente, busca-
se: (a) comparar sintomas psicológicos, felicidade e satisfação com a vida entre os grupos;
(b) analisar diferenças em esperança, otimismo, pessimismo e projeto de vida; (c) avaliar
diferenças em adaptabilidade de carreira; (d) compreender narrativamente experiências de
futuro, sofrimento e reconhecimento entre pessoas trans; e (e) integrar achados quantitativos
e qualitativos. Participantes: A etapa quantitativa contará com aproximadamente 200
participantes (100 trans/travestis e 100 cis), maiores de 18 anos, residentes no Brasil. A etapa
qualitativa incluirá de 12 a 15 participantes trans/travestis, selecionados por máxima
variação. Aspectos éticos: A pesquisa seguirá as diretrizes das Resoluções 466/2012 e
510/2016. Os participantes assinarão TCLE, terão sigilo garantido e poderão desistir a
qualquer momento. Eventuais desconfortos emocionais serão acolhidos, com
encaminhamento a serviços de apoio psicológico quando necessário. Métodos:
Instrumentos: questionário sociodemográfico; escalas de adaptabilidade de carreira,depressão/ansiedade/estresse/pânico; medidas breves de felicidade, satisfação com a vida e
bem-estar; escala de projeto de vida; escala de visões sobre o futuro (otimismo, pessimismo,
esperança). Procedimentos: coleta online e presencial; convite para fase qualitativa ao final
do questionário. Entrevistas semiestruturadas conduzidas virtual ou presencialmente.
Análise de dados: estatísticas descritivas, testes t/ANOVA, correlações e regressões; AFC
para verificar estrutura interna; análise temática reflexiva na fase qualitativa; integração
meta-inferencial dos resultados. Resultados esperados: Espera-se que pessoas trans e
travestis apresentem maior sofrimento psicológico, menores índices de bem-estar e menores
escores de esperança, otimismo, projeto de vida e adaptabilidade de carreira, além de maior
pessimismo. Nas narrativas, prevê-se a emergência de temas como exclusão, resistência,
futuro incerto, desejo de reconhecimento e estratégias de enfrentamento. Considerações:
O estudo deverá contribuir para compreender os efeitos das desigualdades estruturais sobre
saúde mental e futuro, oferecendo subsídios para práticas psicológicas, políticas públicas e
ações de inclusão voltadas à população trans e travesti.