HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS E SAÚDE MENTAL DOS PAIS: RELAÇÕES COM HABILIDADES SOCIAIS E PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS COM TEA
Habilidades sociais educativas, pais, saúde mental parental, crianças, habilidades sociais, problemas de comportamento.
Pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) experienciam desafios diferentes relacionados à especificidade dos déficits sociais e comportamentais apresentados precocemente por seus filhos, às necessidades de tratamentos e intervenções, dentre outros. Nessa direção, estudos têm identificado diferenças nas dimensões comportamentais de pais de crianças com TEA, bem como uma pior saúde mental desses cuidadores, em relação aos pais de crianças sem TEA. Além disso, observam-se grandes prejuízos nas habilidades sociais das crianças com TEA e índices consideráveis de problemas de comportamento, comprometendo a qualidade das suas relações interpessoais, em especial com seus pais, bem como o desenvolvimento global dessas crianças. No contexto de pandemia de COVID-19, constatou-se, ainda, maior vulnerabilidade das famílias de crianças com TEA, tendo em vista o fechamento temporário dos serviços de saúde e a interrupção de tratamentos para as crianças. Com isso, foram observadas consequências negativas sobre a saúde mental parental e o comportamento infantil. Comportamentos parentais positivos, como as Habilidades Sociais Educativas (HSE), são relacionados a melhores desfechos desenvolvimentais dos filhos, inclusive a um melhor do repertório de habilidades sociais em crianças com TEA. As HSE são um repertório verbal e não-verbal utilizado pelos pais para favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento de seus filhos. No entanto, na revisão realizada, foi encontrado um estudo que caracterizou especificamente as HSE de pais de crianças com TEA e as relacionou apenas às habilidades sociais dos filhos no Brasil. Esse estudo, porém, não avaliou os problemas de comportamento infantil ou a saúde mental parental. Estudos também indicam a associação entre a saúde mental parental e o comportamento infantil no TEA, embora ainda não sejam conclusivos quanto à direção dessa relação. Esses estudos tampouco esclarecem se os comportamentos parentais podem ser mediadores da relação entre saúde mental parental e comportamento infantil no TEA ou moderados pelos indicadores de saúde mental parental. Nesse sentido, o objetivo geral desta tese foi investigar as interrelações entre as habilidades sociais educativas dos pais de crianças com TEA, a saúde mental parental e as habilidades sociais e problemas de comportamento dos filhos. Para tanto, foi realizado um estudo transversal (Estudo 1) com o objetivo de caracterizar as HSE, a saúde mental parental e as habilidades sociais e problemas de comportamento das crianças com TEA no contexto de pandemia de COVID-19, bem como avaliar mudanças na frequência e modalidade dos tratamentos de crianças com TEA. Além disso, foi conduzido um estudo longitudinal (Estudo 2) por cinco anos, com o objetivo de investigar as interrelações entre as HSE dos pais, a saúde mental parental e as habilidades sociais e problemas de comportamento das crianças com TEA e comparar simultaneamente o efeito do repertório de grupos de pais deficitários e não-deficitários em HSE ao longo do tempo. Ademais, foi elaborada e validada por juízes especialistas e pelo público-alvo uma cartilha educativa para pais de crianças com TEA (Estudo 3), abordando os resultados dos Estudos 1 e 2 e suas contribuições para o aprimoramento da relação entre pais-filhos. Em geral, os resultados dos estudos indicaram a importância e a considerável influência dos comportamentos parentais educativos e da saúde mental dos pais, respectivamente, no desenvolvimento social e nos problemas de comportamento das crianças com TEA.