O ASILO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS: MASCULINIDADES PRESENTES NA EDUCAÇÃO DE MENINOS ÓRFÃOS (1888-1940)
Infância órfã, Asilo de São Francisco de Assis, Assistência e educação da
infância, Masculinidades, Formação para o ofício.
Esta pesquisa tem por objetivo investigar o Asilo de São Francisco de Assis (São João del-Rei),
entre os anos de 1888 e 1940, tentando compreender o seu funcionamento e o atendimento
voltado aos meninos órfãos. O interesse foi entender a relação do Asilo com outras instituições
a ele anexas, além de identificar quem eram os meninos asilados e compreender as
masculinidades presentes no contexto de formação dos meninos inseridos no Asilo de São
Francisco de Assis. O recorte temporal se estabelece tendo em vista o primeiro movimento de
construção do Asilo, em 1888, e se finda em 1940, ano em que a direção do Asilo deixou de
pertencer ao Instituto Padre Machado, passando a ser de inteira responsabilidade da mesa
administrativa da VOT e passando a educação dos meninos asilados a ser ministrada em grupos
escolares da cidade. Para a pesquisa foram elencadas fontes históricas diversas, como o estatuto
do Asilo de São Francisco de Assis; contratos firmados entre o Asilo e as instituições anexas a
ele; relatórios enviados à Secretaria de Interior; relação dos menores internados no Asilo; as
atas das reuniões da VOT; cartas enviadas a diferentes sujeitos e instituições; fotografias; além
de jornais, legislação educacional e legislações de proteção e assistência a menores. Para a
análise dos dados, o entendimento sobre as “relações de poder” e sobre a “produção de saber e
de verdade” foi importante para a compreensão do atendimento prestado à infância órfã
sanjoanense a partir das ações do Asilo de São Francisco de Assis e das instituições anexas a
ele. Os resultados apontam para uma formação dos asilados voltada às faculdades físicas,
morais e para o aprendizado de artes e ofícios, com o intuito de formar cidadãos disciplinados,
aptos para o mundo do trabalho e para servir a pátria. Ainda indicam a cultura das
masculinidades, propagada no início da República, inserida nas ações do Asilo para formação
de indivíduos masculinos, ou seja, o homem ordeiro, sadio, produtivo e útil.