Avaliação das atividades antioxidante e antimicrobiana e toxicidade dos extratos e frações obtidos a partir do pericarpo de Hymenaea courbaril L. (Fabaceae: Detarioideae)
Jatobá-do-campo, Cerrado, compostos fenólicos, antioxidante, antibacteriano, letalidade, planta medicinal.
Este estudo investiga o potencial biotecnológico do pericarpo de Hymenaea courbaril L. (Fabaceae: Detarioideae), espécie nativa do Cerrado, por meio da avaliação das atividades antioxidante e antibacteriana e toxicidade frente a sistemas biológicos. O pericarpo seco foi submetido à extração exaustiva por percolação, empregando-se etanol como solvente, originando o extrato etanólico bruto (EEB). A seguir, o EEB foi submetido a partição líquido-líquido, originando as frações hexânica (HEX), diclorometânica (DCM), acetato de etila (ACE) e hidroetanólica (HE). As amostras foram submetidas à triagem fitoquímica, análise por cromatografia em camada delgada (CCD) e a avaliação dos teores de compostos fenólicos e flavonoides totais. A atividade antioxidante foi avaliada pelo método do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH) e para a avaliação da atividade antimicrobiana, as amostras foram testadas contra bactérias (gram-positivas e gram negativas) e leveduras do gênero Candida. A toxicidade das amostras foi avaliada por meio do teste de letalidade frente a Artemia salina. A triagem fitoquímica revelou a presença de flavonoides em todas as amostras analisadas, de alcaloides no EEB e cumarinas na fração ACE. A CCD permitiu a visualização de manchas sugestivas da presença de compostos apolares, como os fitosteróis. A fração HEX apresentou os maiores teores de compostos fenólicos totais, seguido pelo EEB e frações ACE e DCM e os teores de flavonoides foram mais elevados no EEB. Todas as amostras apresentaram atividade antioxidante dose-dependente, sendo que o EEB e as frações apresentaram uma porcentagem de inibição do DPPH igual a do padrão 2,6-di-tert-butil-4-metilfenol (BHT), nas concentrações de 1 a 250 mg/mL, com concentrações efetivas para capturar 50% de DPPH (CE50) variando entre 50,59±6,55 a 304,16 ± 25,32 µg/mL. O EEB e as frações HEX e ACE apresentaram atividade contra todas as cepas de S. aureus testadas, com concentração inibitória mínima de 250 µg/mL. Todas as amostras apresentaram toxicidade dose-dependente contra A. salina. As maiores taxas de mortalidade foram observadas na concentração de 1000 mg/mL, com uma taxa de mortalidade de náuplios superior a 96% para o EEB e a fração HEX. O EEB e as frações HEX e ACE apresentaram os menores valores de DL50 e DL90 (dose letal para 50% e 90% da população, respectivamente), sendo considerados tóxicos para A. salina. Estes resultados reforçam o potencial biológico do pericarpo de H. courbaril e sinalizam a necessidade de análises fitoquímicas complementares para identificação dos compostos envolvidos nas atividades encontradas.