Detecção do Helicobacter pylori na cavidade oral em pacientes com e sem sintomatologia gástrica e o impacto no microbioma oral
Helicobacter pylori; H. pylori; cavidade oral; microbiota oral; biofilme; microbiologia oral
Introdução: A cavidade oral pode desempenhar um papel relevante na transmissão e colonização do Helicobacter pylori (H. pylori). A prevalência do H. pylori varia globalmente, afetando cerca de metade da população mundial, especialmente em países em desenvolvimento. Na cavidade oral, a prevalência dessa bactéria é bastante variável, sendo influenciada por características populacionais, métodos de coleta de amostras e técnicas de detecção. Embora o estômago seja tradicionalmente considerado o principal reservatório do H. pylori, estudos indicam que ele pode não ser o único. Apesar de haver controvérsias de uma associação direta entre a presença de H. pylori em amostras orais e infecção gástrica, casos positivos para H. pylori gástrico frequentemente apresentam maior prevalência da bactéria na cavidade oral. A presença de H. pylori na cavidade oral pode desestabilizar o microbioma, impactando o eixo oral-intestinal. O objetivo deste estudo foi detectar H. pylori na cavidade oral de pacientes com e sem sintomas gástricos e avaliar seu impacto no microbioma oral. Metodologia: Foram coletadas 100 amostras orais de 41 participantes, com e sem sintomatologia gástrica, atendidos na Policlínica do SUS da região centro-oeste de Minas Gerais (Brasil). As amostras foram obtidas da placa dentária aderida aos dentes incisivos inferiores e molares superiores, além do biofilme da língua. O DNA total dos biofilmes orais foi extraído, e a detecção de H. pylori foi realizada por PCR Convencional e Nested-PCR. Cinco conjuntos de primers específicos para H. pylori foram utilizados para amplificar os genes 16S rRNA, 23S rRNA, gyrA e ureA. Resultados: Das 100 amostras coletadas, uma foi positiva para o gene 23S rRNA de H. pylori, e seis amostras foram positivas para o gene ureA. Portanto, de 41 participantes, cinco apresentavam H. pylori em seus biofilmes orais, resultando em uma prevalência de 12,19% (5/41). O H. pylori foi detectado nas três regiões orais de onde as amostras foram coletadas (placa dentária/biofilme oral superior e inferior, e biofilme da língua). Conclusões: Os resultados sugerem que o H. pylori pode colonizar a cavidade oral. O método Nested-PCR demonstrou maior sensibilidade em comparação com a PCR convencional.