Utilização de câmeras remotas iscadas (BRUVs) na determinação da estrutura da população do lambari -limão (Hyphessobrycon bifasciatus) em um riacho de altitude
Distribuição longitudinal, coloração, sazonalidade, BRUV.
O conhecimento sobre a estrutura e a distribuição das populações de peixes de riachos de altitude desempenha um papel crucial na implementação de medidas adequadas de gestão e conservação das espécies que habitam esses ecossistemas aquáticos. A presente pesquisa teve como objetivo determinar a estrutura populacional de Hyphessobrycon bifasciatus no córrego do Mangue da Serra de São José, em função da variação das cores das nadadeiras dorsal, anal e caudal dos indivíduos observados a partir dos vídeos subaquáticos coletados por meio de câmeras remotas subaquáticas iscadas (BRUV). Além desse objetivo principal, o estudo visou especificamente: i) avaliar a distribuição espacial dos padrões de coloração de H. bifasciatus ao longo dos trechos amostrados do riacho Mangue; ii) caracterizar os padrões de coloração diferenciais dos indivíduos de H. bifasciatus em função de seu tamanho corporal; iii) avaliar a existência de uma segregação espacial e temporal entre os padrões de coloração de H. bifasciatus. Esse riacho está localizado dentro da Área de Proteção Ambiental e Refúgio de Vida Silvestre Libélulas, na região do campo das vertentes, Minas Gerais. Os vídeos analisados nesta pesquisa foram registrados em estudos anteriores realizados por pesquisadores do Laboratório de Ecologia Molecular & Ictiologia (LEMI) da UFSJ, 2016 e 2018. Três pontos de amostragem foram selecionados com base em um gradiente longitudinal, considerando a ocorrência da espécie. Os vídeos foram analisados com o software VLC Media Player, onde três padrões de coloração foram identificados, sendo eles: indivíduos com nadadeiras majoritariamente amarelas; indivíduos com nandadeiras de coloração intermediária entre amarelo e vermelho; e indivíduos com nadadeiras majoriraiamente vermelhas. A abundância dos indivíduos com cada padrões de coloração foi estimada, em cada ponto de amostragem e durante os anos de 2017 e 2018, a partir do MaxN, que representa o número máximo de indivíduos registrado em um único quadro de imagem, para cada vídeo analisado. Além disso, armadilhas para peixes do tipo covo foram utilizadas para capturar os indivíduos a fim de melhor caracterizar os padrões de coloração quanto tamanho corporal. Os dados de abundância dos padrões de coloração foram comparados entre a estação chuvosa e a estação seca (variação temporal), e entre os pontos amostrais (distribuição espacial). Durante a análise dos 36 vídeos registrados pelas BRUVs, a estimativa de abundância dos indivíduos com nadadeiras amarelas foi superior, alcançando 77% em comparação com os outros padrões de coloração. Em nível espacial e temporal, uma variação significativa na distribuição dos padrões de coloração foi claramente observada, onde a maior abundância dos indivíduos com nadadeiras amarelas foi ampliada durante o período seco, em comparação com o período chuvoso. Além disso, todos os padrões de coloração foram predominantes no ponto PTO5. Quanto ao tamanho corporal, os indivíduos com nadadeiras amarelas no ponto PTO6 apresentaram um comprimento padrão médio superior àqueles com nadadeiras vermelhas e intermediárias dos pontos PTO1 e PTO5.