Abundância e densidade populacional de onças-pardas (Puma concolor) no Parque Estadual do Rio Doce – MG.
Pumas, Captura - Recaptura espacialmente explícita, Conservação, Mata Atlântica, Ecologia de carnívoros.
Estimativas de abundância e densidade nos fornecem informações acerca da dinâmica populacional de diversas espécies de animais selvagens. Por meio dessas estimativas é possível avaliar a viabilidade populacional a longo prazo e investigar quais fatores podem influenciar esses parâmetros ao longo do tempo. Neste trabalho, estimamos a abundância e densidade de onças-pardas (Puma concolor) no Parque Estadual do Rio Doce, maior fragmento de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais, e em sua zona de amortecimento. Além disso, utilizamos modelos espaciais de captura e recaptura para avaliar a influência de diversas variáveis nos diferentes parâmetros de interesse. Para isso, utilizamos dados coletados através de armadilhas fotográficas nos anos de 2016 e 2017. Os registros foram individualizados por diferentes pesquisadores de maneira independente de modo a medir a confiabilidade dos dados. A concordância entre os pesquisadores foi de 64.2% com um índice Kappa de Fleiss (κ) de 0.725, indicando concordância moderada a substancial. No PERD, o modelo mais parcimonioso indicou influência de uma tendência temporal na movimentação (σ) dos indivíduos e estimou uma densidade (D) de 0.049 onças-pardas/km², resultando em uma abundância de 16.616 indivíduos. Já na zona de amortecimento, o modelo melhor ranqueado também indicou uma tendência temporal, só que desta vez na taxa de detecção (g0) dos indivíduos. Foi estimada uma densidade (D) de 0,028 onças-pardas/km², resultando em 23.949 indivíduos. Também observamos uma influência da variável individual sexo no parâmetro de Densidade (D), com fêmeas alcançando maiores densidades (0,033 fêmeas/km²) que machos (0,013 machos/km²). De forma geral, a densidade encontrada no presente estudo foi semelhante às densidades encontradas em outros estudos dentro de áreas preservadas, o que demonstra ser um cenário positivo para manutenção da espécie no Parque. Em nosso estudo, nenhuma variável ambiental influenciou em nossos parâmetros de interesse, o que pode ser um indício de homogeneidade ambiental dentro da Unidade de Conservação ou inadequação das variáveis ambientais coletadas. Dessa forma, recomendamos novos estudos que busquem acompanhar a população de onças-pardas do PERD ao longo do tempo e estudar quais fatores podem ser limitantes para a espécie, ampliando assim cada vez mais o conhecimento acerca da ecologia da mesma em áreas de Mata Atlântica.