Análise da ocupação e detecção do cateto (Pecari tajacu) no maior remanescente de Mata Atlântica do estado de Minas Gerais, Parque Estadual do Rio Doce
: Ecologia, PERD, modelos de ocupação, seleção de habitats.
O cateto (Pecari tajacu) é considerado um animal que desempenha funções essenciais no habitat em que vive, principalmente relacionadas com a dispersão de sementes. As ameaças para a espécie estão intrinsecamente relacionadas com a ação antrópica, que se demonstram mais críticas em locais que já se apresentam muito impactados, como a Mata Atlântica. Existem poucas informações sobre a situação das populações de catetos na neste domínio fitogeográfico. Questões como quais são os fatores que influenciam a ocupação e a detecção dos catetos, ainda permanecem pouco exploradas. O presente trabalho teve como objetivo investigar quais são os fatores que influenciaram a probabilidade de ocupação e detecção do cateto no maior remanescente de Mata Atlântica do estado de Minas Gerais, o Parque Estadual do Rio Doce. Para atingir esse objetivo, aliamos dados coletados de armadilhas fotográficas nos anos de 2016 e 2017, com modelos de ocupação single-season. Para isso, utilizamos variáveis mensuráveis espaciais relacionadas com a atividade humana, habitat e micro-habitat. Nós encontramos que de todas as covariáveis testadas, duas influenciaram a probabilidade de ocupação e outras duas influenciaram a probabilidade de detecção dos catetos. Por meio do peso cumulativo (w+), encontramos que a probabilidade de ocupação dos catetos foi melhor explicada pela distância da unidade amostral com áreas antropizadas (cidades, pastagens e plantações situadas no entorno do parque) (w+ = 0,51, β = 0,56) e presença de predadores (w+ = 0,58, β = 0,54), com as duas apresentando influências positivas, portanto, maior probabilidade de ocupação dos catetos em áreas mais distantes de áreas antropizadas e com maior intensidade de uso pelos predadores. Enquanto a probabilidade de detecção foi melhor explicada pela densidade de dossel (w+ = 0,99, β = 0,80) e densidade de sub-bosque (w+ = 0,89, β = -0,38), com influência positiva e negativa, respectivamente, portanto, quanto maior a densidade de dossel e menor densidade de sub-bosque, maior será a probabilidade de detecção do cateto. Os resultados deste estudo contribuem para o conhecimento acerca da ecologia do cateto, ao destacar os efeitos de fatores relacionados ao habitat e à amostragem na probabilidade de ocupação e detecção do cateto na Mata Atlântica. Desta forma, este trabalho demonstra quais fatores ambientais e antrópicos que influenciam o cateto na seleção e uso do habitat em um dos domínios fitogeográficos mais ameaçados do Brasil.