O retalho que faltava: tecendo memórias e
narrativas de mulheres com a fotografia
Fotografia híbrida; memória; narrativas femininas; bordado; arte e
comunidade.
Este trabalho propõe uma costura entre memória, imagem e gesto coletivo. Inserida no
contexto das margens de Tiradentes-MG, a pesquisa articula práticas artísticas híbridas como
a fotografia, bordado, colagem, transferência de imagem, como dispositivos de escuta,
reinvenção e pertencimento para mulheres cujas memórias, tantas vezes silenciadas, resistem
à invisibilidade, dando forma a fotobiografias inventadas de infância. Inspirada em
perspectivas decoloniais e feministas, a pesquisa trata a fotografia como matéria viva: um
fio que, entrelaçado a relatos, costuras manuais e práticas colaborativas, reconfigura
ausências e inventa outras narrativas. O percurso metodológico envolveu oficinas
colaborativas, onde 17 mulheres, entre 36 e 82 anos, revisitarem álbuns familiares, bordaram
memórias e partilharam silêncios, ressignificando fragmentos de passado. A prática se
desdobrou em exposições públicas, diálogos comunitários e na criação de um livro de artista
como extensão tangível deste processo. Ao transitar entre arquivo e fabulação, entre costura
e algoritmo, o trabalho reivindica a potência da arte como gesto de reparação simbólica,
reforçando que, assim como a memória, também a criação manual é um ato político de
cuidado e invenção.