ECOFEMINISMO, ECOPERFORMANCE E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL: Cartografias do Corpo Natureza em São João Del Rei – MG
crise ambiental; ecofeminismo; ecoperformance; cartográfica somática performativa; ecopoéticas; livro de artista.
A presente pesquisa investiga o potencial da prática artística da ecoperformance
integrada à cartografia somática para a promoção de uma consciência ambiental sensível,
crítica e engajada. Realizada em São João del Rei (MG), a pesquisa desenvolveu experiências
em diferentes territórios naturais, como o quintal do Fortim dos Emboabas e a Floresta
Nacional de Ritápolis, onde o corpo foi mobilizado como instrumento cartográfico de
sensações, emoções e relações com o ambiente. Fundamentada na perspectiva ecofeminista, a
pesquisa aprofunda criticamente a desconexão entre humanidade e natureza, ancorando-se nos
apontamentos de Vandana Shiva e Maria Mies, que indicam como a lógica patriarcal e
capitalista perpetua a objetificação e exploração tanto da terra quanto dos corpos femininos e
marginalizados, configurando estruturas que alimentam a crise ecológica atual (Shiva & Mies,
1993). Exemplos históricos do movimento Chipko, descritos pela autora, evidenciam a
potência do engajamento coletivo e feminino na defesa do território como resposta direta à
opressão sistêmica. A metodologia adotada, Prática como Pesquisa (PaR), articula processos
somáticos, cartográficos e performativos, priorizando o corpo como fonte de saber e método
investigativo. Ao vivenciar práticas artísticas em interação com paisagens naturais, foi
possível gerar um livro de artista digital, que reúne registros visuais e textuais dessas
experiências afetivas, sensoriais e ambientais. O trabalho reafirma a relevância de resgatar a
relação com o planeta através do engajamento corporal, artístico e político, posicionando a
arte como ferramenta emancipatória e de resistência diante das urgências socioambientais. As
cartografias afetivas geradas constituem dispositivos de ampliação da sensibilidade,
fomentam a reconexão com a vida não humana e abrem caminhos para ações coletivas
voltadas à sustentabilidade. Ao reconhecer o corpo como território de saber e transformação,
este estudo contribui para expandir horizontes interdisciplinares entre arte, ecologia e ciências
humanas, afirmando a necessidade e a potência de uma abordagem ecofeminista para
fomentar políticas e práticas mais justas e integradas.