Banca de DEFESA: ADRIANA VIANNA TEIXEIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ADRIANA VIANNA TEIXEIRA
DATA : 30/09/2025
HORA: 09:00
LOCAL: VIDEOCONFERÊNCIA VIA GOOGLE MEET
TÍTULO:

A experiência da fotografia como desvelamento — Um estudo fenomenológico a partir de Martin Heidegger


PALAVRAS-CHAVES:

Arte e fotografia; Fotografia; Fenomenologia; Filosofia da fotografia; Poética


PÁGINAS: 81
RESUMO:

A presente dissertação se abre à experiência da fotografia como uma questão ontológica. No instante em que nossos olhos se viram refletidos no espelho da câmera, fotografar deixou de ser um gesto técnico e passou a se mostrar como um modo de ser — uma abertura em que o ser se deixa entrever. Aqui a fotografia, enquanto imagem processada por reações químicas, ampliada e fixada sobre uma superfície material, não constitui um fim, mas o espaço em que o tom da experiência acontece sem submissão ao controle técnico, passando a experienciar o entrelaçamento daquilo que não se pode controlar: afeto, verdade e tempo. Aqui o ser se mostra no velamento — não como objeto representado, mas como algo que se desvela no processo fotográfico. Contudo, a experiência não se dá como algo bem resolvido: há uma disputa que é vivenciada como tensão. A compreensão desta tensão encontra ressonância no pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976), mais especificamente na obra A origem da obra de arte (2010). Aqui a arte é compreendida como espaço em que a verdade do ser se revela enquanto acontecimento, em contraste com a técnica moderna que tende ao esquecimento do ser, à funcionalidade e ao controle que ameaça reduzir o gesto criador à operação instrumental. Aqui se trata de uma disputa entre o gesto, a verdade e a máquina, e para entendê-la recorremos à fenomenologia hermenêutica de Heidegger, como método e caminho para descrever a experiência da fotografia situada entre a techné poética e a technik instrumental, abordando pensamento filosófico da fotografia — com Roland Barthes (1984), Vilém Flusser (1985), Susan Sontag (2004), entre outros — situou a fotografia como técnica, linguagem visual, artefato cultural, objeto estético e raramente como experiência ontológica. Flusser (1995) considera a fotografia como forma de pensamento por imagens, mas prefere falar em imagens técnicas, mediadas e produzidas pela máquina. Aqui há o perigo de deixarmos de decifrar sentido e significado e viver em função da representação. A posição originária da nossa investigação está na recusa da fotografia como fim ou meio, como imagem técnica e estética. Defendemos que a fotografia é experiência que acontece como espaço de ser. Nesse horizonte, a câmera fotográfica não está presente como um mero aparato funcional, mas comparece como um sismo ontológico: algo que, ao mesmo tempo, abala e integra a experiência. Seja uma máquina sofisticada ou uma caixa preta rudimentar, a máquina não é exterior à vivência, mas parte constitutiva do seu desdobramento — não como ferramenta subordinada, mas como elemento que participa da abertura do mundo de significação e horizonte desse estar junto. Assim, a presente dissertação, não parte de um objeto delimitado, mas de uma escuta em sua própria verdade. Em ressonância com o pensamento de Heidegger, buscamos compreender a verdade em termos do conceito grego aletheia, que o filósofo traduz para o alemão como Unverborgenheit: algo se mostra em seu velamento ou que se vela em seu mostra-se. Mais do que compreender a fotografia como produto técnico, representação do real ou do imaginário, esta pesquisa se aproxima da dimensão ontológica: a possibilidade do jogo do desvelamento. O estudo parte da escuta e disposição originária do Dasein, o ser-aí que somos a cada vez sendo, avançando para o pensamento da verdade como aletheia e seguindo para o pensamento da arte como espaço de abertura do mundo e do habitar poético. Nesse percurso, buscamos compreender o gesto fotográfico como vivência existencial que envolve tempo, espaço, luz e interpretação, sem se reduzir à captura de uma imagem objetiva. Ao final, propomos que a fotografia, compreendida poeticamente, no horizonte de seu sentido, pode operar como morada da verdade — um lugar em que o ser se mostra, ainda que veladamente, e cada vez, ao olhar sensível do fotógrafo. Mais que representação, a fotografia aparece aqui como espaço de presença da ausência, um modo de ser no mundo em escuta e visão no qual o instante se abre ao desvelamento poético. Embora Heidegger não tenha tematizado a fotografia, o trazemos como pensador da arte e da técnica no vislumbre da possibilidade de dialogar com ele e outros pensadores que abriram reflexão acerca da fotografia como técnica e arte. No entanto, à medida que nosso trabalho se abre e se desenvolve no caminho da fenomenologia permitimos que não seja uma análise rigorosa acerca das teorias, e sim um vislumbre histórico em nosso caminhar: aquilo que abre um horizonte de sentido para nossa época.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3691024 - RICARDO DE OLIVEIRA TOLEDO
Interno - 1844145 - RICHARD ROMEIRO OLIVEIRA
Externa à Instituição - ROBERTA OLIVEIRA VEIGA - UFMG
Notícia cadastrada em: 26/09/2025 14:23
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