O VENTO ASSOBIANDO NAS GRUAS E ESTUÁRIO: AS CONTRANARRATIVAS DA NAÇÃO
Nação. Corpo. Literatura. Portugal. Escrita.
As narrativas que elegeram Portugal como comunidade imaginada levaram em conta a concepção do país como império, que contava com colônias em diferentes continentes, assim a literatura desempenhou um importante papel enquanto cultura nacional. Porém, na contemporaneidade a literatura lusitana apresenta-se como uma possibilidade de contranarrativa da memória que fora construída do período colonial. Diante disso, o objetivo deste trabalho é empreender um estudo das obras O vento assobiando nas gruas (2002) e Estuário (2018), da escritora Lídia Jorge. Nos romances, os corpos dos protagonistas, marcados por mutilação, podem ser lidos como metáfora da nação portuguesa contemporânea, caracterizada pela heterogeneidade e tentativa de ruptura com o discurso colonial. Além disso, discutiremos a possibilidade e/ou impossibilidade de escrita em um corpo incompleto. A fim de efetivar a análise, recorremos a formulações teóricas acerca de nação, corpo, escrita, literatura lusitana, contemporaneidade e colonização/descolonização portuguesa.