REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO TRABALHO FEMININO: AS MÃOS E AS MARCAS NO “EU, EMPREGADA DOMÉSTICA”
Palavras-chave: Trabalho Doméstico no Brasil. Empregada doméstica. Análise Crítica do Discurso. Relatos.
Em diálogo interdisciplinar com os estudos historiográficos e culturais, a presente pesquisa parte de uma perspectiva discursiva, destacando os planos social e da materialidade linguística, bem como o olhar construtivista à sociedade para investigar como empregadas domésticas são representadas na página do Facebook Eu, Empregada doméstica, relatando o modo como o trabalho perpassa a vida social, conforme depoimentos (re)(a)presentados em página de rede social. Propomos questionar, por via da Análise Crítica do Discurso, o modo como se constituem os relatos de empregadas domésticas postados na fanpage do Facebook Eu, empregada doméstica, criada pela ex empregada doméstica, professora e rapper: Preta Rara, bem como a identidade dessas trabalhadoras na página. O problema da discriminação, da exploração e da (in)visibilidade das empregadas fica à mostra no presente estudo discursivo, em que se utilizam também alguns aportes dos estudos culturais e da Sociologia para produzirmos reflexões sobre o trabalho doméstico. Considerando a perspectiva construtivista da sociedade e da cultura, ancorada nos estudos do sociólogo Anthony Giddens, o presente trabalho vislumbra o olhar para o(s) discurso(s), que compreende(m), segundo Fairclough (2001), o uso da linguagem como prática social, e aponta para o modo como vemos o mundo e o (re) significamos. Com esses pontos em mente, lançamos mão da proposta de Fairclough (2001; 2003) e de alguns conceitos base deste trabalho, como os significados acional, representacional e identificacional para tratar o objeto, e alguns procedimentos para a análise textual são essenciais para a análise, sem perder de vista a proposta tridimensional de análise discursiva crítica face à perspectiva dos significados que cercam o olhar para a página em questão, destacando os relatos. Desse modo, serão analisadas as práticas sociais que refletem e reconstituem os padrões históricos sociais mais amplos de exclusão presentes nos relatos, considerando que os relatos são práticas discursivas sobre a empregada doméstica. Ao tratar dos significados, percebe-se a forte presença dos dizeres da identidade empregada que “fala” sobre si. Por vezes, há o narrar a história do outro enquanto denúncia social da condição de trabalhadoras domésticas com quem conviveram. Trabalhamos, portanto, com o conjunto de implicações desses dizeres e como eles são manifestados.