Apropriações acerca da Escola Austríaca de Economia: Uma breve genealogia do “movimento libertariano” brasileiro
Ultraliberalismo; Escola Austríaca de Economia; Internet.
Esta pesquisa buscou traçar um mapeamento das forças constituintes do que viria a se tornar o “movimento libertariano” brasileiro. Propomos “libertariano” enquanto um hiperônimo de função analítica que engloba as sistematizações da Escola Austríaca de Economia (EAE) e suas decorrências “libertárias” e “anarcocapitalistas”. Para tal, explicitamos uma breve síntese dos principais autores da EAE e suas decorrências no campo político, incluindo a constituição do movimento “libertarian” estadunidense. A EAE pode ser categorizada enquanto a vertente mais radicalizada do ultraliberalismo e sua inserção no contexto brasileiro tem como vetores a atuação de think tanks e dos intelectuais do campo da direita no contexto do lento e gradual processo de redemocratização. Tendo isso em vista, focalizamos na atuação do empresário Henry Maksoud, reconhecido pelo círculo libertariano como “o primeiro libertário brasileiro”; o Instituto Liberal e o Instituto de Estudos Empresariais. A partir dos anos 2000, identificam-se as primeiras aparições proclamadas enquanto “libertário” e/ou “anarcocapitalista”, através dos blogs “O Indivíduo” e o “Austríaco” que inclusive são citados por agentes libertarianos em rememoração do “primeiro contato com a doutrina libertariana”. A conexão ao campo da direita tem a influência mutual de Olavo de Carvalho, sendo tratado como ideólogo responsável por denunciar a guerra cultural travada diariamente contra a “hegemonia esquerdista”.