DESENVOLMENTO DE NANOEMULSÃO CONTENDO 10-(4,5-dixidrotiazol-2-iltio)decan-1ol COM ATIVIDADE ANTIMALÁRICA
nanoemulsão, via oral, malária, derivado 1,10-decanodiol, 10-(4,5-dixidrotiazol-2-iltio)decan-1ol.
A malária é uma doença parasitária com ocorência principalmente nas áreas tropicais do globo terrestre. É transmitida aos seres humanos por seis espécies de Plasmodium através da fêmea do mosquito Anopheles. O desenvolvimento de resistência dos parasitos aos antimaláricos tradicionais dificulta o tratamento da doença, tornando necessária a busca por novas moléculas com atividade antimalárica e a possibilidade de sua veiculação em formulações para via oral.
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma formulação farmacêutica do tipo nanoemulsão óleo em água (O/A), utilizando uma nova molécula derivada do 1,10-decanodiol denominada 10-(4,5-dixidrotiazol-2-iltio)decan-1ol, que por sua vez será referenciada como sendo tiazolina. A formulação é constituída de ácido oleico, butilhidroxianisol (BHA), parabenos e ativo 10-(4,5-dixidrotiazol-2-iltio)decan-1ol como fase oleosa; polietilenoglicol (15)-hidroxi-estearato e água purificada, como fase aquosa. Essa formulação foi planejada com constituintes favoráveis ao aumento da biodisponibilidade do ativo; além disso, permite a liberação controlada e prolongada do composto sintético 10-(4,5-dixidrotiazol-2-iltio)decan-1ol, o que minimiza a possibilidade de estabelecimento de resistência do Plasmodium.
No presente estudo a molécula foi avaliada em relação à solubilidade, pKa, logP e LogD. Foram feitas formulações piloto a fim de definir os reagentes a serem utilizados no trabalho. Após essa definição foi feito um delineamento fatorial 23 com réplicas no ponto central a fim de avaliar a influência de matéria prima nas características físico-químicas das nanoemulsões. As formulações desenvolvidas no delineamento e após seleção da formulação de trabalho visualmente são estáveis, em relação à caracterização a formulação selecionada a partir do delineamento para ensaios posteriores apresenta bons resultados referentes ao tamanho de gotícula (292,4 nm), IPD (0,39), potencial zeta (-31,6 mV) e eficiência de encapsulação (97,17% m/m). Um método analítico foi desenvolvido e validado para quantificação da molécula em estudo e se mostra linear, preciso, exato e robusto. O ensaio de liberação in vitro demonstra que a formulação é estável em meio ácido e tem liberação controlada em meio simulando fluidos gástrico e intestinal. Em pH=2,0 o ativo teve liberação acumulada de 85% em 12 horas e a cinética de liberação segue o modelo de Higuchi. Já em pH= 6,86 a liberação acumulada de 77% ocorreu após 48 horas e o modelo de liberação mais adequado é de ordem zero. O mecanismo de liberação é anômalo.
Em uma das formulações avaliadas (NE P1.2) a atividade antimalárica in vitro foi melhor que da molécula livre, porém o índice de seletividade das formulações foi menor em relação à forma livre.
No presente estudo foi possível caracterizar uma nova molécula com atividade antimalárica e desenvolver uma nanoemulsão estável para veicular a tiazolina. Através do método analítico desenvolvido foi possível quantificar a liberação in vitro da tiazolina e avaliar a eficiência de encapsulação das formulações. O sistema se mostrou com liberação controlada e com atividade antimalárica.