Dos conflitos sociais aos comuns urbanos: um estudo de caso sobre São João del-Rei
Comuns urbanos, produção do espaço, conflitos sociais
Diante do neoliberalismo, da eclosão de novos conflitos e disputas de forças em meio às privatizações, destruições e espoliações de bens e recursos, os comuns vêm “ressurgindo” como instrumento tático político contra a propriedade privada e suas apropriações, ao mesmo tempo que mantém sua potencialidade como elemento de sobrevivência das classes populares em meio as coerções feitas pelo capitalismo. São João del-Rei, cidade polo da microrregião da qual faz parte, vem mostrando um processo histórico de urbanização alinhado aos imperativos do mercado imobiliário e do neoliberalismo, favorecendo a segregação socioespacial, encerramento e espoliação de comuns urbanos. A produção de um espaço urbano voltado para o desenvolvimento econômico capitalista em São João del-Rei é presente na cidade desde o final do século XIX, com a vinda da estrada de ferro, das primeiras indústrias e o desenvolvimento do comércio. Entretanto nas últimas décadas, a urbanização encontra o neoliberalismo como forma de organizar sua produção e cada vez mais voltar o processo para a acumulação de capital em detrimento da condição de vida das classes populares. Isso se dá porque, em sua contradição, o espaço urbano favorece a produção e permanência dos comuns e movimentos políticos, ao mesmo tempo, é peça chave para o neoliberalismo extrair renda, apropriar, coibir e encerra-los. Para tanto, a pesquisa procura compreender os conflitos, movimentos políticos e os comuns urbanos em São João del-Rei na perspectiva da Geografia Urbana Crítica, por meio da ótica marxista e da teoria lefebvriana sobre o espaço urbano.