Avaliação da susceptibilidade à barotrauma em duas espécies de peixes neotropicais.
Usinas hidrelétricas, Barotrauma, Mortalidade, Variação de pressão
As usinas hidrelétricas no Brasil, impulsionadas pela abundância de
recursos hídricos, têm um papel significativo na geração de energia, mas também representam
ameaças para os ecossistemas aquáticos e a diversidade de peixes na região neotropical. Os rios
enfrentam ameaças devido à construção de barragens e reservatórios, que levam à fragmentação
das bacias hidrográficas, ocasionando impactos negativos na ictiofauna, tais como: migrações
prejudicadas, exposição à predadores, mortalidade e lesões devido a choques mecânicos,
turbulência, forças de cisalhamento, cavitação, supersaturação de gases e variações de pressão,
podem ser ocasionados pela frequente exposição às turbinas ou vertedouros. A descompressão,
variação de pressão ou a rápida mudança de pressão durante a passagem da turbina, é uma das
principais ameaças para os peixes que atravessam as usinas. Isso pode resultar em lesões, mortes
e outras sequelas, como hemorragias, exoftalmia, embolia, flutuabilidade positiva, colapso da
bexiga natatória e mudanças de comportamento. Impactando peixes de diferentes tamanhos e
espécies, tornando-a uma preocupação crescente na operação de usinas hidrelétricas e
manutenção de máquinas. O presente estudo avaliou à susceptibilidade de duas espécies, o
Lambari Astyanax bimaculatus e a Grumatã Prochilodus vimboides ao barotrauma, através da
simulação da descompressão em laboratório, em uma câmara hiper-hipobárica, diante de
diferentes níveis de pressão e diferentes taxas de descompressão. Identificando a ocorrência de
diferentes tipos de injúrias, tais como: hemorragia, embolia, fratura, exoftalmia, vasos
hipertrofiados e ruptura da bexiga natatória, ocasionadas pela descompressão. Os experimentos
foram realizados em 720 peixes, sendo 510 lambaris (Astyanax bimaculatus) e 210 grumatãs
(Prochilodus vimboides), em três modelos experimentais diferentes. É possível confirmar que
os tipos de injúrias são os mesmos variando o local e a frequência, o que permite entender melhor
os efeitos da descompressão nestas duas espécies.