Liberdade como ato de libertação: engajamento e ação política no pensamento de Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sartre; Liberdade situada; Engajamento; Ação política.
A proposta do presente trabalho é demonstrar que há no pensamento de Jean-Paul Sartre uma concepção própria de ação política. A elaboração de seu ensaio de ontologia fenomenológica levou o filósofo existencialista a concluir que o ser humano está condenado a ser livre, na medida em que a liberdade decorre da função nadificadora da consciência, que é movimento e indeterminação. Sem qualquer substância, a consciência só existe de maneira relacionada, é sempre consciência de algo, e por isso a liberdade, para Sartre, é inequivocamente situada. Com efeito, o percurso de toda a teoria sartriana teve essa constatação como fio condutor e, a partir da ampliação da noção de situação, foi forçoso o aprofundamento de Sartre em temas como ética, sociabilidade, história e política, por exemplo. Dessa forma, centrando-se em um texto curto denominado Eléctions, piège à cons, artigo político publicado em 1973 em que o filósofo apresenta uma dura crítica à compreensão do voto enquanto ato político, este trabalho busca entender como as noções de liberdade, projeto, engajamento e responsabilidade se articulam no pensamento político sartriano. A hipótese da pesquisa é de que há possibilidade de extrair do referido texto circunstancial, com a leitura prévia das grandes obras clássicas de Sartre, entre elas, O Ser e o Nada e Crítica da Razão Dialética, uma noção de ação política ancorada na inventividade humana e na necessidade de formação de grupos orientados por projetos comuns. Tudo isso a partir de uma metodologia bibliográfica e qualitativa e tendo como ponto de partida a percepção de que, no pensamento sartriano, a liberdade é por princípio prática, ou seja, é ato de libertação.