Shakespeare e Ovídio. A Midsummer Night’s Dream e as Metamorfoses.
Shakespeare e Ovídio; transtextualidade; comédia elisabetana; Arthur Golding.
Sonhos de uma Noite de Verão (c. 1595) é amplamente considerada a mais ovidiana das peças de Shakespeare. Em seu enredo secundário, um grupo de atores diletantes prepara e encena uma adaptação teatral do episódio de Píramo e Tisbe do livro quatro das Metamorfoses de Ovídio. Críticos já observaram que essa peça dentro da peça espelha a ação da camada principal da obra, porém a fuga do par de casais é apenas um dos muitos elementos na peça – incluindo aí até mesmo uma transformação física – que remetem às Metamorfoses. Esta dissertação analisa as relações transtextuais entre Sonhos de uma Noite de Verão e as Metamorfoses, comparando as práticas hipertextuais da peça dentro da peça com a intertextualidade que a camada principal estabelece com Ovídio. Também contextualiza as relações entre Shakespeare e Ovídio dentro da voga ovidiana na literatura inglesa dos anos 1590 e do movimento tradutório do início do período elisabetano, com ênfase na tradução de Arthur Golding das Metamorfoses publicada em 1567.