AVALIAÇÃO DO EFEITO SINÉRGICO ENTRE DIGOXINA E CISPLATINA NA SINALIZAÇÃO E ESTRESSE CELULAR
digoxina, cisplatina, tratamento combinado, Src, estresse oxidativo
Os esteróides cardiotônicos têm sido usados como fármacos cardíacos por mais de 200 anos e, atualmente vários estudos demonstram interessantes efeitos antitumorais com esteróides cardiotônicos para uma série de culturas celulares. A cisplatina tem desempenhado um papel crucial na quimioterapia e tratamentos anticâncer há mais de 30 anos. Porém, o tratamento com cisplatina pode causar efeitos colaterais graves, como mielossupressão, ototoxicidade e nefrotoxicidade, além dos processos de resistência celulares, já descritos na utilização prolongada da droga. Estudos anteriormente publicados, por nosso grupo de pesquisa, demonstraram um potente efeito sinérgico antitumoral entre digoxina 1nM e cisplatina 1µM em células de câncer de colo uterino (HeLa), além de elucidar uma possível via de sinalização que estaria desencadeando o processo antitumoral, onde foi demonstrado o efeito do tratamento combinado frente a atividade e expressão da Na,K-ATPase e o envolvimento de Src. O objetivo do presente trabalho é demonstrar o efeito do tratamento combinado entre digoxina e cisplatina sobre a ativação de Src, através de ensaios de expressão proteica e, o efeito do tratamento combinado sobre parâmetros de estresse oxidativo em células HeLa. Além de demonstrar o efeito do tratamento em outras linhagens celulares, tumoral e normal. O tratamento combinado demonstrou aumentar a expressão de Src fosforilada no resíduo de ativação (Tyr416), comprovando o envolvimento de Src no seu efeito citotóxico. Analisando os parâmetros de estresse oxidativo, observamos uma redução significativa em mecanismos de defesa antioxidantes celulares, atividade de SOD e conteúdo de GSH e, um aumento em 24 horas no conteúdo de H2O2, comprovando o aumento do estresse oxidativo celular frente ao tratamento combinado. Além disso, foram avaliados os níveis de peroxidação lipídica e formação de gotículas lipídicas, onde foi observado um aumento desses parâmetros após 48 horas de tratamento, o que já é descrito comumente em casos de estresse oxidativo. Frente às outras linhagens celulares testadas, A549 (células epiteliais de câncer de pulmão) e WI-38 (células normais de fibroblasto humano), o tratamento combinado não teve a capacidade de alterar significativamente a viabilidade celular em comparação ao controle. Nossos experimentos sugerem que o efeito antitumoral do tratamento sinérgico entre digoxina e cisplatina em células HeLa, parece estar correlacionado com o aumento de estresse oxidativo nesse tipo celular, mediante ativação de Na,K-ATPase/Src/EROS o que por sua vez, poderia culminar em diferentes efeitos celulares como, efeitos sinalizatórios, antiproliferativos e apoptóticos.