AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO NA PRÉ-ECLÂMPSIA: REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE
Antioxidantes, biomarcadores, placenta.
A pré-eclâmpsia é uma síndrome hipertensiva da gravidez responsável pelas maiores taxas de complicações e morbimortalidade materna e fetal. O entendimento sobre o papel da inflamação, do desbalanço dos fatores anti-angiogênicos e do estresse oxidativo no desenvolvimento da pré-eclâmpsia trouxe avanços para a compreensão da sua fisiopatologia, mas também revelou perfis distintos entre a pré-eclâmpsia precoce e tardia. Portanto, esse estudo busca revisar o perfil do estresse oxidativo nos subtipos de pré-eclâmpsia e avaliar quais marcadores estão alterados no sangue e no tecido placentário. Uma busca sistemática foi realizada na MEDLINE (via PubMed), EMBASE, LILACS e Web of Science em setembro de 2021, sem restrição de ano e língua de publicação. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pelas escalas de Newcastle-Ottawa e Joanna Briggs Institute for analytical Cross Sectional Studies. Dos 12.080 estudos identificados, 62 foram incluídos na revisão sistemática. Os marcadores de estresse oxidativo avaliados foram aqueles relacionados a danos e a atividade antioxidante, como malondialdeído (MDA), peróxido lipídico, peróxido de hidrogênio, óxido nítrico (NO), produtos avançados de oxidação proteica, proteína carbonilada, 8-hidroxi-2'-deoxiguanosina, status oxidante total, capacidade antioxidante total (TAC), superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx), glutationa-S-transferase e glutationa livre. A meta-análise revelou que os níveis de MDA no sangue e na placenta foram significativamente aumentados na PE combinada, leve e severa. Em gestantes com PE leve e severa foi identificado baixos níveis séricos de NO. Os marcadores relacionados a TAC e a atividade enzimática, incluindo GPx, CAT, e a SOD na PE leve, foram significativamente reduzidos no sangue de gestantes com PE. Os resultados revelam que o estresse oxidativo está relacionado a fisiopatologia da PE, através do aumento da peroxidação lipídica, redução dos níveis de NO e da capacidade antioxidante, bem como pela menor atividade enzimática de GPx, CAT e SOD na PE. Além disso, os níveis alterados de MDA na placenta e no sangue demostram que as alterações placentárias repercutem na síndrome clínica.