MANIFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME: uma revisão sistemática e meta-análise
Doença Falciforme, manifestações orais, saúde bucal.
A doença falciforme (DF) é uma das hemoglobinopatias mais prevalentes e é resultante da substituição da hemoglobina normal (Hb A) pela hemoglobina S (HbS), em estado homozigoto ou heterozigoto com outras hemoglobinas anormais. A Hb S variante resulta da substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia polipeptídica β. Esta alteração provoca profundas mudanças na estabilidade e solubilidade da molécula de Hb favorecendo o fenômeno da falcização, causando graves consequências clínicas. A fisiopatologia da doença envolve várias complicações, como intensa anemia hemolítica, e qualquer tecido ou órgão pode ser acometido. Os mesmos efeitos patológicos da DF sobre os tecidos conectivos de diferentes partes do corpo – rins, fígado, baço, pulmões e coração – têm ocorrido nos tecidos dentais e na cavidade bucal de modo geral. Nesse contexto, o objetivo desta revisão sistemática foi avaliar a prevalência das manifestações bucais encontradas em pacientes com DF. As bases de dados eletrônicas consultadas foram MEDLINE (via Pubmed), EMBASE, Web of Science, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Após análise de um total de 15 estudos incluídos (n=3658), a presença de cárie, má oclusão e o sangramento gengival foram as alterações orais mais reportadas. A prevalência de cárie combinada foi 0.69 (95%, CI: 0.49-0.88), de má oclusão 0.86 (95% CI: 0.43-1.28), e de sangramento gengival 0.62 (95 % CI: 0.40-0.84). Nossos resultados revelam a associação entre os aspectos fisiopatológicos sistêmicos e as alterações orais, as quais impactam a vida dos portadores de DF e, por isso, merecem atenção especial dos profissionais que cuidam da saúde bucal.