GERAÇÃO DE TROMBINA COMO MARCADOR DE EVENTOS CARDIOVASCULARES E MORTALIDADE
Teste de geração de trombina, doenças cardiovasculares, mortalidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas.
O teste de geração de trombina (TGT) é um método laboratorial que permite a avaliação global da hemostasia. A associação entre geração de trombina e eventos cardiovasculares, especialmente infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE), mortalidade por todas as causas e mortalidade cardiovascular ainda é pouco investigada e os resultados são frequentemente inconsistentes. Considerando que as doenças cardiovasculares (DCVs) apresentam em sua fisiopatologia uma forte interação entre inflamação e hemostasia, a trombina, enzima chave no processo de coagulação, pode ser considerada como um possível biomarcador de risco cardiovascular. No presente trabalho, nós revisamos e resumimos os resultados dos principais estudos que avaliaram se os parâmetros do TGT estavam associados a eventos cardiovasculares, mortalidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas e também avaliamos se o TGT estava associado à mortalidade por todas as causas em uma coorte prospectiva de adultos brasileiros.
Métodos: a busca de artigos foi realizada entre janeiro e junho de 2022. A avaliação da associação entre TGT e mortalidade por todas as causas foi realizada com 2.588 participantes na linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Os parâmetros do TGT lagtime, time-to-peak, peak, Endogenous Thrombin Potential (ETP) e ETP normalizado (nETP) foram avaliados de acordo com o intervalo de referência (IR). A associação entre TGA e mortalidade por todas as causas foi estimada pela regressão de COX e ajustada pelos fatores de confusão.
Resultados: Em nosso artigo de revisão foram incluídos 13 artigos. No segundo artigo, o tempo médio de acompanhamento foi de 6,6±2,7 anos e 85 óbitos ocorreram durante o acompanhamento. Após os ajustes, os valores de time-to-peak acima do IR em baixa e alta concentração de fator tissular (FT) foram associados a um maior risco de morte [HR= 2,45 (1,17-5,13) e HR= 2,24 (1,02-4,93), respectivamente] e valores de nETP e peak abaixo dos IR em alta concentração de FT foram associados a um maior risco de mortalidade [HR= 3,85 (1,39-10,68) e HR= 2,56 (1,17-5,61), respectivamente].
Conclusões: O TGT pode ser um ensaio potencialmente interessante, também em indivíduos com DCVs, mas para uso clínico precisa de maior compreensão dos determinantes subjacentes da geração de trombina.