Gestação; Ansiedade; Depressão; Atividade física; Biomarcadores inflamatórios.

Introdução: O período perinatal é um período vulnerável na saúde da mulher durante o qual comumente ocorrem a presença de depressão e ansiedade. Caso não for tratado ou diagnosticado precocemente, podem ocasionar desfechos negativos maternos-fetais. Pesquisas têm buscado entender o papel da inflamação e a presença de biomarcadores inflamatórios na depressão. Existem evidências de que tanto fatores inflamatórios quanto metabólicos possam modificar a neurotransmissão e, portanto, afetar o humor e o comportamento, induzindo o aparecimento da depressão na gestação. Porém, ainda pouco se sabe sobre o papel das citocinas

na depressão no período gestacional. Sabe-se dos inúmeros benefícios da prática regular da atividade física na redução nos sintomas de ansiedade e depressão. Porém, ainda existem lacunas na literatura acerca das características das intervenções tais como dose, intensidade, frequência, modalidade, progressão, nível de supervisão da atividade física durante a gestação, puerpério e pós-parto na depressão e ansiedade. Essas informações são essenciais para embasar a implementação de intervenções eficazes na prática clínica. Objetivo Revisão Sistemática 1: Avaliar os efeitos das intervenções e/ou programas de atividade física sobre a ansiedade e depressão em mulheres durante o período perinatal. Metodologia da Revisão Sistemática 1: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2022 e atualizada no mês de abril de 2023 nas bases de dados PEDro (Physiotherapy Evidence Database); EMBASE; PsycInfo; Pubmed (National Library of Medicine National Institutes of Health) / (OVIDE) e Sportcus. Foi conduzida seguindo o Manual da Cochrane para Revisões Sistemáticas de Intervenções e relatada de acordo com a declaração Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e protocolada no PROSPERO.

Resultados da Revisão Sistemática 1: Foram recuperados 2.572 artigos, destes, 9 estudos preencheram os critérios de elegibilidade. As intervenções de exercício físico reduziram os sintomas depressivos no período pós-parto (MD: -1.61, IC 95% [-3.16 a -0.07]; I2=93%, p=0.04). Em relação as características dos exercícios físicos, reduziram os sintomas depressivos aqueles com frequência de 3x na semana no período perinatal (SMD: -0.32, IC 95% [-0.62 a - 0.03]; I2=83%, p=0.03) e 2x na semana no período perinatal (SMD: -0.63, IC 95% [-1.07 a -0.18]; I2=0%, p=0.06); queles com duração de 60 minutos no período perinatal (SMD: -0.35, IC 95% [-0.69 a -0.01]; I2=0%, p=0.04); com intensidade moderada no período perinatal (SMD: -0.34, IC 95% [-0,63 a -0.06]; I2=82%, p=0.02); e na modalidade aeróbica no período perinatal (MD: -0.66, IC 95% [-1.07 a -0.25]; I2=0%, p=0.82). Apenas um estudo relatou dados sobre exercício físico nos sintomas da depressão e ansiedade no período perinatal, mas não foi adequado para meta-análise. A qualidade da evidência (critérios GRADE) foi baixa a muito baixa para todos os desfechos. Conclusão da Revisão Sistemática 1: As evidências destacam os efeitos positivos da prática da atividade física no período perinatal nos sintomas depressivos. No entanto, ainda são necessários estudos de alta qualidade e rigor metodológico que abordem o papel da atividade como intervenção para ansiedade e depressão no período perinatal, a fim de esclarecer e fundamentar a prática clínica baseada em evidências científicas. Objetivos da Revisão Sistemática 2: Analisar quais os biomarcadores inflamatórios estão alterados na depressão perinatal e/ou na sintomatologia depressiva. Metodologia da Revisão Sistemática 2: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com busca realizada no mês de abril de 2023 nas bases de dados EMBASE; PsycInfo; Pubmed (National Library of Medicine National Institutes of Health) / (OVIDE) e Web of Science. Foi conduzida seguindo o Manual da Cochrane para Revisões Sistemáticas de Intervenções e relatada de acordo com a declaração Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e protocolada no PROSPERO. Resultados parciais da Revisão Sistemática 2: No dia 24 de abril de 2023 foi realizada a busca em todas as bases de dados selecionadas. Foram recuperados 3.233 artigos, sendo 956 da Web of Science; 994 da Pubmed; 859 da EMBASE e 424 da PsycInfo. 1.955 artigos eram duplicados, portanto, foram excluídos. Assim, um total de 1.278 será analisado inicialmente pela triagem por título e resumo por dois revisores independentes. Em seguida, esses dois revisores também avaliarão o texto completo dos estudos potencialmente elegíveis selecionados na etapa seguinte. Em caso de discordância, a decisão será tomada por discussão entre esses revisores ou por um terceiro revisor, se necessário. O software COVIDENCE será utilizado nesta etapa. Objetivo geral do Estudo Transversal: avaliar biomarcadores inflamatórios em gestantes com e sem depressão atendidas em um município mineiro. Metodologia do Estudo Transversal: Foi realizado um estudo transversal com 55 gestantes atendidas pelo SUS do município de Ouro Preto, MG, que foram avaliadas clinicamente e responderam a questionários sobre aspectos socioeconômicos e sobre sua saúde mental. Para avaliação da saúde mental foram utilizados dois instrumentos validados: Escala de depressão pós-parto de Edimburgo e Questionários de depressão de Beck. Também foram coletados dados

clínicos, socioeconômicos, gestacionais e sobre saúde mental a partir dos prontuários médicos e cartão pré-natal. Por fim, foi coletado sangue periférico para dosagem dos mediadores inflamatórios: CCL27, CXCL16, IL-10, TNF-alfa por ensaio imunoenzimático (ELISA). Empregou-se a correlação de Pearson para análise bivariada para análise dos dados, utilizou-se Odds Ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança (IC 95%) foram calculados nos modelos bruto e bivariado. Valores de p <0,05 foram considerados estatisticamente significantes em todas as análises. Resultados do Estudo Transversal: Foram avaliadas 55 gestantes com média de idade de 27,58 ± 6,17 anos. Foi observado uma ocorrência de depressão de 27,80% (n=15). Já em relação a presença da depressão relacionada ao trimestre gestacional, foi identificada uma maior ocorrência no segundo trimestre (40,0%, n=10). Não foi observada diferença significativa entre presença de depressão e as variáveis socioeconômicas das gestantes. Em relação a classificação quanto a intensidade da depressão foi observada uma maior ocorrência de nível mínimo de depressão com 63,0% (n=34) nas gestantes. Quanto aos dados antropométricos, idade gestacional, dados clínicos e mediadores inflamatórios não houve significância estatística em relação a presença ou não de depressão (p>0,05). Foi observada uma correlação fraca positiva entre os mediadore inflamatórioos CXCL16 e CCL27 e a idade gestacional no grupo de gestantes sem depressão (r=0,34, p=0,033 e r=0,341, p=0,036, respectivamente). Porém, no grupo de gestantes com depressão, não foram detectadas correlação siginificativas entre idade gestacional e mediadores inflamatórios (p>0,05). Quanto ao histórico obstétrico, foi observado que gestantes primigestas e nulíparas apresentaram maior risco de apresentar depressão (7,18; IC 95%: 1,43-36,04 e 5,32; IC 95%: 1,06 - 26,71, respcetivamente).