EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ORAL COM PROBIÓTICO EM CRIANÇAS COM OBESIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Introdução: A microbiota intestinal tem se mostrado um potencial fator determinante no desenvolvimento da obesidade. Percebe-se uma disbiose dos filos Bacteroidetes e firmicutes na microbiota intestinal dos indivíduos com obesidade em comparação com as pessoas com peso normal (eutrófica). Nota-se uma menor proporção dos filos Bacteroidetes. Isso parece facilitar a extração de energia do alimento ingerido aumentando o armazenamento de energia no tecido adiposo. Embora pesquisa com criança seja incipiente, há indicações de que a microbiota intestinal é importante para a manutenção da homeostase do metabolismo energético. Objetivo: Analisar o efeito da suplementação oral com probióticos sobre o estado nutricional e variáveis associadas em crianças com obesidade e obesidade grave. Materiais e métodos: Trata-se de um ensaio clínico duplo-cego, paralelo, placebo controlado com duração de 12 semanas, sendo os participantes selecionados aleatoriamente. A investigação constará de tempo inicial (T0), tempo trinta dias (T30), tempo sessenta dias (T60) e tempo final (T90). A pesquisa será sendo desenvolvida nas 31 Estratégias Saúde da Família (ESFs) da zona urbana do Município de Divinópolis, Brasil. Os participantes serão crianças, ambos os sexos vinculadas às ESF’s, entre faixa etária sete a 10 anos incompletos e que revelam obesidade e obesidade grave. Não serão elegíveis crianças com diagnóstico clínico de hepatopatias, nefropatias, cardiopatias, câncer, doenças inflamatórias intestinais e, em uso de suplementos probióticos, prebióticos e simbióticos. Serão coletados dados antropométricos e da composição corporal, do funcionamento intestinal, do comportamento favorável à atividade física e do padrão alimentar. Inicialmente todas as crianças serão convidadas a participarem do estudo (N = 203). Considerando as perdas que podem acontecer ao longo do processo, será realizado um cálculo amostral com nível de confiança de 95% e poder de teste de 80%. Esse cáculo amostral será embasado no estudo-piloto da presente investigação. Os participantes serão randomizados em dois grupos, probiótico e placebo. O grupo tratamento receberá cápsulas de probiótico, cada uma contendo Lacticaseibacillus rhamnosus GG (ATCC53103) na concentração de 1 x 1010 unidades formadoras de colônias (UFC)/diariamente, durante um

período de 90 dias consecutivos. Já o grupo controle receberá cápsulas de placebo, contendo 10mg de gelatina e 10mg maltodextrina/diariamente, por um período de 90 dias contínuos. As cápsulas serão entregues aos grupos tratamento e controle nos tempos: 0, 30 e 60 dias. Para minimizar as tendências neste estudo, um segundo pesquisador, o qual não participará na coleta e análise dos dados, será responsável pela distribuição aleatorizada dos participantes nos dois grupos, indicando e registrando sigilosamente as crianças que receberão probióticos 

ou placebo. Ademais, as cápsulas serão embaladas igualmente pelo laboratório, posteriormente colocados em envelopes lacrados pelo segundo pesquisador e, apenas esse pesquisador terá ciência sobre quais participantes receberão probiótico e placebo, indicando o nome de cada participante que o receberá. Ao final fará a tabulação dos dados. O estudo piloto da presente investigação foi realizado entre março à julho de 2023. Para tal, considerou-se 20 participantes. Em consonância com desfencho obtido no estudo piloto, especificamente na

redução do perímetro da cintura em crianças que tiveram intervenção probiótica nos tempos T0 e T90, calculou-se o poder diante da amostra ora obtida (N= 178). Estimou-se poder médio de 80%. Os dados coletados no estudo polito foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Para comparar se havia diferença estatisticamente significante entre as médias e medianas foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney para duas categorias independentes e o teste não paramétrico de Kruskal Wallis para mais de duas categorias

independentes. Para os dados categóricos aplicou os testes Qui-Quadrado de Pearson. Os dados foram expressos média ± desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo, Q1 (primeiro quartil) e Q3 (terceiro quartil). Foi adotado o nível de significância de 5%. Resultados Preliminares: Analisou-se informações de um total de 20 crianças, cuja a média de idade foi de 9 anos (± 1,03). Dentre as crianças avaliadas, 55% eram representadas pelo sexo

masculino.No que diz respeito aos dados antropométricos das crianças investigadas, o peso corporal não variou entre as avaliações, sendo de 49,0 kg (±12,44 - 12,74). Ao contrário, observou-se uma ligeira redução no perímetro da cintura, especialmente, entre a primeira 76,50(±10,18) e a última avaliação 75,25(±10,15). Assim, como o índice de massa corporal, na primeira 2,99(±1,07) e na quarta avaliação 2,80(±1,08), não modificando o estado nutricional de obesidade. Em relação ao consumo diário de alimentos in natura ou minimamente processados, processados e ultrapocessados não constatou diferença no funcionamento intestinal (trânsito lento, adequado ou rápido) a partir o consumo desses grupos alimentares na (p > 0,05). Quanto ao funcionamento intestinal averiguado por meio do tempo trânsito intestinal não houve diferença no trânsito intestinal de quem recebeu o prbiótico ou placebo (p = 0,806). Considerações parciais: Os resultados da investigação original poderá contribuir com o entendimento dos efeitos na modulação microbiota intestinal por meio de suplementação probiótica em crianças com obesidade na perda de peso corporal, além de contribuir com a literatura atual no campo da saúde da criança e do adolescente. Registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC)– RBR-9qg9qhh.