ENVOLVIMENTO DA MELATONINA NO FENÓTIPO AUTISTA: O PAPEL DA Na,K-ATPase
Autismo, Melatonina, Na,K-ATPase, Estresse oxidativo, Cerebelo.
O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento que acarreta alterações ainda na primeira infância em áreas da comunicação, interação social e aprendizado, assim como na capacidade de adaptação. Existem inúmeras variações genéticas que podem ser consideradas como possíveis causas do TEA, mas nenhuma delas é responsável por mais de 1% dos casos e muitos desses fatores ambientais estão associados a deficiência de melatonina (MEL), um hormônio sintetizado pela glândula pineal durante o período escuro da noite. A chance de desenvolver TEA é mais alta nos recém-nascidos que tem o início tardio da amamentação ou que fazem uso da mamadeira, pois há um aumento dos riscos de ter deficiência de MEL e maior probabilidade de desenvolver TEA. A atividade da Na,K-ATPase (NKA) é reduzida nesses indivíduos, é uma enzima envolvida na manutenção do gradiente de Na+ e K+ através da membrana celular, é indispensável para a condução do impulso nervoso e seu mal funcionamento pode resultar em uma redução da capacidade de aprendizado e memória. No presente estudo foi avaliado, por meio de parâmetros bioquímicos, se a ausência de MEL materna (ratas pinealectomizadas) induz o desenvolvimento do TEA nos filhotes e se a reposição exógena de MEL nas ratas pinealectomizadas é capaz de impedir ou retardar o aparecimento do TEA nos filhotes. Os testes bioquímicos foram realizados no cerebelo de filhotes de ratas wistar após a 4ª semana de vida. Previamente, as ratas foram divididas em 5 grupos: (1) ratas pinealectomizadas com suplementação de melatonina (grupo MEL); (2) ratas pinealectomizadas sem suplementação de melatonina (grupo PTX); (3) ratas que passaram pelo procedimento cirúrgico da pinealectomia sem a retirada da pineal (grupo SHAM); (4) ratas injetadas com valproato de sódio no 13º dia gestacional (grupo VPA) e (5) ratas que não passaram por quaisquer procedimentos (grupo CONTROLE). Analisou-se as atividades das enzimas Na,K-ATPase, Acetilcolinesterase, teor de Glutationa reduzida (GSH), Peroxidação lipídica e H2O2 produzido, avaliou-se também as expressões das isoformas α1, α2 e α3 da Na, K-ATPase. Nossos resultados demonstraram que houve uma redução significativa da atividade de α2/α3 no grupo MEL, entretanto não houve diferenças significativas nos demais testes, nem mesmo nas expressões das isoformas da NKA. Sendo assim, nossos resultados mostram que a MEL tem uma ação na NKA, a subunidade α3 está expressa principalmente na glândula pineal e α2 também está em grandes quantidades no cérebro, abrindo a possibilidade para que mais estudos sejam realizados para investigação dessa interação e se há alguma alteração no indivíduo com TEA ou outras doenças neurodegenerativas.