Avaliação da intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores rurais do município de Ji-Paraná- RO - RO
Pesticidas. Exposição. Equipamento de Proteção Individual. Saúde Pública. Trabalhadores rurais
Os agrotóxicos, também conhecidos como pesticidas ou defensivos agrícolas, são agentes químicos utilizados para maximizar o processo de produção agrícola. A busca por maior e melhor qualidade dos produtos agrícolas produzidos faz com que, cada vez mais, aumente o consumo dos agrotóxicos. O uso de agrotóxicos, sem controle adequado, afeta diretamente a saúde humana provocando alterações sistêmicas, desregulação endócrina e, até mesmo, alterações cromossômicas. Conhecer os pesticidas comercializados e as alterações causadas por eles na saúde da população e no meio ambiente são importantes passos para a elaboração de políticas públicas de controle e restrição. Assim, este estudo epidemiológico, observacional e descritivo avaliou a presença de sinais e sintomas de intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores rurais do município de Ji-Paraná-RO. A pesquisa foi realizada com 208 produtores rurais, que foram submetidos a avaliações clínicas e laboratoriais, questionários semiestruturados quanto ao perfil socioeconômico, histórico de saúde. Também foram avaliados o uso de agrotóxicos, a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o processo de manuseio de agrotóxicos. Foi verificado que 50% dos trabalhadores usavam agrotóxicos do grupo dos herbicidas, da classe extremamente tóxica. Esses indivíduos relataram ter conhecimento das instruções de utilização do pesticida e tinham conhecimento dos prejuízos à saúde. Porém, observou-se que a maioria deles aplicava agrotóxicos de forma incorreta e sem o uso adequado de EPIs. A maioria deles apresentou alterações neurossensoriais, neurocognitivas e motoras compatíveis com sinais e sintomas de intoxicação: 12% intoxicados e 9,3% com sinais e sintomas de intoxicação. Destes, salivação, palpitação e náuseas foram os sintomas com maior ocorrência nos indivíduos infectados em relação ao grupo controle (P= 0,000, 0,001 e 0,004). Além dos sinais e sintomas diagnosticados, o metabolismo hepático mostrou-se em prejuízo nos indivíduos infectados quando considerados seus analitos: triglicerídeos (P=0,028), Colesterol LDL (P=0,026), Transaminase Oxalacética (P<0,0001), e as bilirrubinas total, direta e indireta (P=0,002; P<0,001 e P=0,015 respectivamente). Também foi verificada diferença estatística nos exames do perfil hepático do grupo de intoxicados. O principal indicador de funcionamento hepático, Gamaglutaril Transferase (GGT), por outro lado, apresentou P=0,547. Possivelmente, esta não significância se deve à maior exposição ao agroquímico do indivíduo não intoxicado que se sente saudável e mantem sua rotina laboral. Os resultados obtidos neste estudo alertam para a importância de uma ação rigorosa de sensibilização, monitoramento e fiscalização do uso de agrotóxicos. Este estudo destaca a necessidade de treinamento no manuseio de produtos químicos, principalmente entre os trabalhadores agrícolas.