Anúncios; Escravidão; Escravos; Imprensa; Fugas; Rio de Janeiro.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a fuga de escravos e suas diferentes motivações, estratégias e possibilidades como parte integrante do cotidiano da cidade do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Através da análise de sete mil anúncios de escravos fugidos publicados no periódico Diário do Rio de Janeiro, procuramos conhecer o perfil dos escravos fugidos que viviam na cidade. O lapso temporal compreende entre 1831, ano da promulgação da Lei de novembro de 1831 que tinha o objetivo de frear a importação de africanos para o Brasil, até 1850, quando a lei foi substituída pela Lei Eusébio de Queiroz, na qual efetivamente extinguiu o tráfico. Direcionamos nosso estudo para entendermos o comportamento dos escravos em fuga e as diversas táticas de inserção utilizadas por esses atores históricos em um momento crucial de suas vidas, aquele que no limite lhes permitiria romper ou negociar a sua condição de escravizado. Além da utilização dos anúncios redigidos pelos senhores de escravos, nos valemos também dos Relatórios Ministeriais da Justiça e dos anúncios da polícia carioca que envolviam cativos foragidos, descortinando as diversas e complexas estratégias de resistir dos escravos. Portanto, esta pesquisa busca discutir as possibilidades analíticas – para o universo da escravidão no Brasil – as abordagens sobre escravidão, imprensa e fugas escravas.