Banca de QUALIFICAÇÃO: GABRIELA FRANCINE MARTINS LOPES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : GABRIELA FRANCINE MARTINS LOPES
DATA : 13/12/2021
HORA: 13:30
LOCAL: UFSJ - CCO
TÍTULO:

Avaliação da atividade antibacteriana de compostos sintéticos in vitro e in vivo e prospecção de
extratos e frações de Fridericia chica anti-Mayaro in vitro


PALAVRAS-CHAVES:

CAPÍTULO 1 - Staphylococcus aureus, MRSA, alcalóide, resistência bacteriana, biofilme.

CAPÍTULO 2 - Antiviral, Mayaro virus, Fridericia chica, Arbovirus, HEFc.


PÁGINAS: 115
RESUMO:

CAPÍTULO 1

A Staphylococcus aureus é uma bactéria Gram-positiva responsável por uma variedade de doenças infecciosas e seus isolados resistentes à meticilina representam um grave risco à saúde pública mundial. Assim, novos medicamentos são necessários para o tratamento de infecções por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA). Neste trabalho, a atividade antibacteriana de cinco análogos 3-alquil-piridínicos contra MRSA foi avaliada. Para isso, inicialmente, a concentração inibitória mínima (CIM) e a concentração bactericida mínima (CBM) dos compostos foram determinadas pelo método de microdiluição em caldo, para ambos os ensaios. O composto 6 apresentou o melhor resultado CIM variando de 0,49 a 3,9 μg/mL e CBM entre 3,9 e 15,6 μg/mL contra MRSA. Assim, os demais ensaios foram feitos apenas com este composto. Para a avaliar se o composto estava atuando na parede da bactéria, foi feita uma análise morfológica por microscopia eletrônica de varredura (MEV), a qual indicou que o tratamento com o composto 6 causa dano à membrana bacteriana e induz lise celular. No estudo de análise de resistência, após 21 dias de tratamento com doses subinibitórias do composto 6, este não induziu aumento dos valores de CIM frente a MRSA. No estudo de combinação como fármaco comercial, feito pelo método de tabuleiro, o composto 6 revelou um efeito aditivo (FICI = 1) com a vancomicina contra MRSA, reduzindo a concentração efetiva deste antibiótico em duas vezes. Frente a diferentes condições fisiológicas (pH, concentrações de NaCl e albumina), os antibacterianos podem perder sua eficiência. Neste estudo, a atividade anti-estafilocócica do composto 6 foi estável na presença de diferentes concentrações de NaCl (50, 200 e 400 µM) e sob uma variedade de valores de pH (4, 5, 6 e 8). No entanto, sua ligação a proteínas plasmáticas (ou seja, albumina) (5% e 10%), aumentou os valores de CIM para MRSA (3,9 e 7,9 µg/mL). Frente a formação de biofilme e biofilme maduro de MRSA, a exposição prévia de MRSA ao composto 6 foi capaz de reduzir a formação de biofilme bacteriano em 82% com metade da concentração do MIC e reduzir a biomassa de biofilmes maduros em 60% na maior dose testa (64 x MIC). Após avaliar a atividade antibacteriana, foram feitos testes de citotoxicidade em células Vero, assim como atividade hemolítica. O composto 6 foi citotóxico para células Vero, moderadamente hemolítico (HC50 de 14 µg/mL). Foi também investigada a atividade do melhor composto em infecção dérmica de camundongos por MRSA e o composto 6 não foi capaz de eliminar a infecção dérmica de MRSA quando testada em camundongos Swiss fêmeas (6 a 8 semanas de idade). Os resultados alcançados por esse estudo evidenciam o potencial do composto 6 como um protótipo no desenvolvimento de novos antibióticos contra MRSA. Modificações estruturais no composto 6 podem ser feitaspara melhorar sua seletividade e eficiência antibacteriana. Apesar da citotoxicidade, a combinação com outros antibióticos pode reduzir a dose necessária para a atividade antibacteriana do composto e o uso combinado em infecções locais pode alcançar resultados promissores.

 

CAPÍTULO 2

O vírus Mayaro (MAYV) é um arbovírus transmitido pela picada de mosquitos hematófagos de circulação selvagem e urbana. Esta infecção se apresenta como uma doença febril aguda, considerada uma doença tropical negligenciada sem tratamento ou vacina. Sendo assim, na busca por tratamentos antivirais, as plantas medicinais são importantes fontes de bioativos com amplo espectro farmacológico. No Brasil, devido à diversidade vegetal e ao baixo custo, o Ministério da Saúde tem incentivado o uso e estudo de fitoterápicos de interesse do sistema público de saúde, como as plantas do gênero Fridericia, que possuem comprovado efeito antiinflamatório, antioxidante, cicatrizante e antimicrobiana. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade anti-MAYV (cepa BeAr 20290) do extrato bruto hidroetanólico (HEFc) e partições aceto etilia, clorofórmica e fase aquosa das folhas de Fridericia chica (Bonpl.) L. G. Lohmann (HEFc) in vitro. Primeiramente, a concentração citotóxica para 50% das células (CC50) foi determinada em células Vero pelo método MTT em concentrações variando de 3,12 a 100 μg / mL. No ensaio antiviral de atividade global, as células (Vero) e o MAYV (MOI 1,0) foram tratados 30 minutos antes da infecção em concentrações não tóxicas para determinar a concentração efetiva para 50% das células infectadas (EC50) pelo MAYV também pelo método MTT. O índice de seletividade (IS) foi calculado pela razão de CC50 para CE50. Para avaliação do efeito virucida, uma suspensão de MAYV foi incubada com igual volume de extrato por 1 h a 37° C. Em seguida, as amostras foram diluídas 10 vezes e a infecciosidade remanescente foi titulada por formação de placa. Para avaliar o efeito na adsorção e internalização viral, células Vero cultivadas em placas de 24 poços foram infectadas com MAYV (MOI 1,0) seguindo diferentes condições de tratamento. No enaio de adsorção,as células foram expostas ao MAYV na presença de 1,56 ug / mL a 50 ug / mL de extrato. Após 1 h a 4 ° C, ambos os compostos e vírus não adsorvidos foram removidos. As células foram lavadas com solução salina tamponada com fosfato (PBS) e sobrepostas com meio semissólido. Para o ensaio de internalização, as células foram infectadas sem composto e após 1 h de adsorção a 4° C, as células foram lavadas e, posteriormente, incubadas a 37° C durante 1 h com 1,56 µg/mL a 50 µg/mL de extrato. Em seguinda, as células foram lavadas com tampão citrato (pH 3) por 1 min para inativar o vírus adsorvido, mas não internalizado e, em seguida, lavadas com PBS e cobertas com meio semissólido. Os resultados mostraram que o extrato HEFc foi o mais eficiente apresentando CE50 para MAYV de 3,6 ±2,5 μg/mL (IS de 28), 23,84 ± 6 μg/mL (IS de 4,4) e 42,7 ±8,5 μg/mL (IS de 2,4) para as mois de 0,1; 1,0 e 5,0 respectivamente. O extrato HEFc também apresentou atividade virucida significativa, inibindo 100% da proliferação do MAYV com 6,5 µg/mL, e causou efeito moderado na inibição da adsorção. No entanto, o HEFc não conseguiu evitar o estágio de internalização do vírus. O conjunto de resultados indica que os metabólitos secundários presentes no HEFc se ligam ao MAYV e podem inativá-lo antes da sua interação com as células. Assim, é possível inferir que o HEFc apresentou potente efeito antiviral contra o MAYV, sendo um candidato promissor como fitofármaco antiviral. Estudos adicionais devem ser realizados para melhor entender os mecanismos de inibição viral do extrato HEFc.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1742677 - JAQUELINE MARIA SIQUEIRA FERREIRA
Externa ao Programa - 1581671 - MAGNA CRISTINA DE PAIVA
Externa ao Programa - 1741307 - ADRIANA CRISTINA SOARES DE SOUZA
Externo à Instituição - ADRIANO GUIMARAES PARREIRA - UEMG
Notícia cadastrada em: 19/11/2021 14:47
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