EFEITO DA ATORVASTATINA NA PRESSÃO ARTERIAL E SUA MODULAÇÃO AUTONÔMICA EM HUMANOS E ROEDORES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE
Atorvastatina. Modulação autonômica. Pressão arterial. Variabilidade da frequência cardíaca.
A atorvastatina é um fármaco comumente usado para redução da síntese do colesterol e tratamento da hipercolesterolemia por inibir a 3-hidroxi-3-methyl-glutaril-CoA (HMG-CoA) redutase. Recentemente, estudos têm demonstrado que as estatinas, além da sua ação hipolipemiante, potencialmente afetam o sistema nervoso autônomo, previnem ou melhoram a disfunção cardíaca através da inibição do estresse oxidativo e melhora da função endotelial. Considerando as inconsistências sobre o efeito da atorvastatina na pressão arterial (PA) em humanos e roedores, realizamos uma revisão sistemática com metanálises. Esse estudo teve como objetivo avaliar o efeito da atorvastatina na PA e sua modulação autonômica, bem como esclarecer a relação entre as mudanças no colesterol sérico e estes efeitos. Por meio das bases de dados EMBASE, PubMed e Web of Science, foram identificados 1.412 artigos, dos quais 31 estudos clínicos randomizados e 44 estudos pré-clínicos foram selecionados. As populações de ensaios clínicos randomizados foram estratificadas de acordo com a PA basal e os níveis lipídicos e a sua qualidade metodológica foi avaliada usando a escala de Jadad. Enquanto a análise de qualidade dos ensaios pré-clínicos foi avaliada pela Syrcle. Realizamos metanálises do efeito da atorvastatina na pressão arterial sistólica (PAS), diastólica e média, frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca e barorreflexo. Análises estatísticas independentes foram realizadas para cada parâmetro dos estudos clínicos e pré-clínicos considerando todos os artigos incluídos e/ou cada estratificação. A atorvastatina reduz a PAS na população geral, em hipertensos e hiperlipidêmicos e em normotensos e hiperlipidêmicos em estudos paralelos randomizados, mas não afeta a PAS em indivíduos normotensos e normolipidêmicos. Embora o efeito da atorvastatina seja detectado em indivíduos hiperlipidêmicos, o coeficiente de meta-regressão para a associação da redução do LDL com a redução da PAS na população geral demonstrou que a redução da PAS não é acompanhada de alterações no colesterol. A metanálise de artigos pré-clínicos demonstrou que a PAS foi reduzida em ratos hipertensos e normolipidêmicos tratados com atorvastatina [por exemplo, ratos espontaneamente hipertensos (SHR)], mas não em ratos normotensos e normolipidêmicos (controles). Em resumo, a presente metanálise indica que a atorvastatina reduz a PA por mecanismos vasculares independentes dos níveis de LDL-c. Estudos adicionais são necessários para estimar o envolvimento do sistema nervoso autônomo no efeito hipotensor da atorvastatina.