Imagens da Ayahuasca: uma investigação à luz da Psicologia Complexa acerca de uma obra visionária e xamânica de Pablo Amaringo e Luiz Eduardo Luna
psicologia junguiana. xamanismo. substâncias psicoativas. ayahuasca. Pablo Amaringo.
O uso de substâncias psicoativas está remetido aos primórdios da história da humanidade e pode ser encontrado na maioria das culturas e povos. Observa-se hodiernamente a consolidação de tendência de resgate no desenvolvimento de pesquisas, publicações, aplicações clínicas e terapêuticas relacionadas às substâncias psicodélicas. No que tange às Psicologias, constata-se que as substâncias psicoativas e psicodélicas nem de longe constam no rol de preocupações centrais do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) e da maioria dos outros autores da Psicologia Complexa, mas isso não significa que não se possa encontrar ideias valiosas para uma reflexão sobre a temática. Do mesmo modo que analisam-se sonhos, visões, sintomas, imaginações ativas, mitos e contos de fada, como o conteúdo simbólico presente nas experiências com substâncias psicodélicas poderia ser compreendido à luz do método de Jung? Para responder a esse questionamento, elencou-se como objetivo geral desta tese analisar o simbolismo psicodélico com base nos fundamentos teórico-metodológicos da Psicologia Complexa, e como objetivos específicos, analisar a aproximação de Jung e de continuadores de sua Psicologia com o tema das substâncias psicoativas; apresentar o método junguiano de análise de sonhos, mitos, contos de fada, obras de arte e o método de leitura das imagens segundo Nise da Silveira; caracterizar a fenomenologia das experiências cerimoniais com ayahuasca a partir da literatura psicológica atual sobre essas substâncias; Ilustrar e explorar as aproximações possíveis dos métodos supracitados junto aos símbolos contidos nessas experiências psicodélicas, tomando como objeto as pinturas da obra “Ayahuasca Visions – The Religious Iconography of a Peruvian Shaman”, de Pablo Amaringo e Luis Eduardo Luna. Parte-se de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, documental e amparada pela hermenêutica junguiana e a leitura de imagens de Nise da Silveira que teve por foco identificação de um tema central em cada uma das pinturas e dos comentários do pintor acerca delas. Na análise, observou-se ênfase nos fundamentos mitológicos do vegetalismo peruano que amparam a prática xamânica no culto aos ancestrais incas. Partindo da atenção ao numinoso projetado na natureza como meio de orientação na vida, as pinturas fazem referência também ao desenvolvimento psíquico do xamã decorrente do relacionamento com os espíritos das plantas-professoras, chegando-se assim à centralidade da imagem da Árvore do Mundo (Axis Mundi), presente na árvore lupuna.