Aposentadoria de Docentes Universitárias: Adaptação e Envelhecimento Bem-sucedido
Aposentadoria; Docentes universitárias; Envelhecimento; Identidade; Adaptação.
Esta tese de doutorado investigou a experiência de aposentadoria de docentes universitárias, compreendendo os fatores que influenciam a qualidade da adaptação e suas implicações para o envelhecimento bem-sucedido. O trabalho é composto por três estudos complementares, organizados em forma de artigos. O Artigo 1, conduzido por meio de revisão integrativa de dissertações e teses brasileiras (2019–2024), identificou lacunas importantes na produção nacional sobre a fase pós-aposentadoria, sobre a articulação entre aposentadoria e teorias do envelhecimento bem-sucedido e, principalmente, com recortes de gênero mais aprofundados. Essas lacunas evidenciaram a necessidade de investigar as condições que favorecem e que dificultam a adaptação à aposentadoria de mulheres docentes e sua relação com o envelhecimento bem-sucedido. Os Artigos 2 e 3, de natureza qualitativa, envolveram entrevistas com 12 professoras aposentadas de universidades federais de Minas Gerais, analisadas por meio da análise de conteúdo. O Artigo 2 abordou os fatores de proteção para a adaptação à aposentadoria e revelou que o planejamento prévio, o engajamento em atividades significativas e os vínculos familiares e sociais favoreceram a continuidade e o bem-estar. O Artigo 3 tratou dos fatores de risco e apontou que aposentadorias abruptas, centralidade da identidade na docência, fragilidade no suporte institucional e vivências de etarismo comprometeram a adaptação. Os achados, interpretados à luz da teoria life-span, do modelo de Seleção, Otimização e Compensação (SOC) e da teoria dos recursos na aposentadoria, indicam que a qualidade da adaptação está associada à capacidade de reorganizar recursos pessoais, psicossociais e institucionais diante das mudanças, e com a orquestração de estratégias de otimização seletiva com compensação. Conclui-se que a ausência de políticas institucionais consistentes e o limitado suporte psicológico no contexto universitário contribuem para tornar a transição para a aposentadoria e a vivência pós-aposentadoria mais desafiadoras. O estudo evidencia, portanto, a necessidade de ações institucionais e práticas psicológicas voltadas à valorização da trajetória docente e ao fortalecimento dos recursos subjetivos que sustentam um envelhecimento mais autônomo, participativo e satisfatório.