A estética do medo no legado de Edgar Allan Poe: uma viagem por meio da palavra, da imagem e do som
Estética do medo. Transmidialidade. Adaptação. Re-visão. Literatura Comparada.
O medo, sentimento primitivo e comum aos seres de diferentes espaços temporais, geográficos e culturais, é relatado de diferentes maneiras, possuindo causas, consequências, tipos e aparências diversas. A estética do medo viaja por entre as narrativas sendo elas ficcionais ou reais, em mídias verbais e não verbais. A presente dissertação objetiva analisar como a estética do medo perpassa os contos “O barril de amontillado” e “O coração delator”, de Edgar Allan Poe, e suas adaptações em forma de (a) reescrita em contos de Lygia Fagundes Telles, (b) ilustrações de artistas do século XIX, como Harry Clarke e Arthur Rackham, e contemporâneos, como Landis Blair e Mariana Funes, (c) canções de um álbum da banda The Alan Parsons Project, e, finalmente, (d) animações da Enciclopédia Britannica e Columbia Pictures. Desse modo, analisaremos as obras selecionadas com a finalidade de observar como o medo é manifestado nas narrativas de acordo com as especificidades de cada mídia e em seus respectivos contextos históricos e culturais. Para tal fim, as análises ocorrerão à luz dos estudos da intermidialidade, mais especificamente a transmidialidade segundo Irina Rajewsky (2020), que estuda a relação através das mídias adotando, também, o “conceito viajante” proposto por Mieke Bal (2002). E ainda a noção de re-visão de Adrienne Rich (1972) será abordada para a análise da reescrita como adaptação. Desse modo, verificaremos como o medo, esse sentimento tão conhecido e, ao mesmo tempo infamiliar se configura nas narrativas de modo a despertar no leitor diferentes sensações e reflexões.