A representação sociodiscursiva da gagueira e do sujeito gago em documentos oficiais
Palavras Chave: Gagueira, Gago, Análise Crítica do Discurso, Linguagem, Língua, Corpus.
O trabalho tem por objetivo investigar as formas pelas quais a gagueira é representada e, consequentemente, também, o sujeito gago, sob a perspectiva da Análise Crítica do Discurso (ACD), sob o prisma do Modelo tridimensional de Fairclough (2001). A realização se dará a partir de documentos procedentes dos veículos oficiais: Abra Gagueira; Instituto Brasileiro de Fluência e Grupo Gagueira e Subjetividade, verificando em que medida tais registros apontam, pela materialidade da língua, concepções acerca do objeto de investigação proposto. No entanto, para a qualificação desta pesquisa, neste momento, foi feita a opção de análise do subcorpus do Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), com a seleção de 5 (cinco) textos. Metodologicamente, o crivo para a seleção da coletânea se deu a partir de reflexões e demais ponderações de como a gagueira e as pessoas que gaguejam são marcadas e movimentadas linguisticamente pelo discurso por meio do léxico, já que expressam, indubitavelmente, sentidos e demais cargas semânticas e ideológicas que simbolizam, representam e identificam socialmente o público em questão e sua diferença funcional fonoarticulatória. Para busca dos dados quantitativos, utilizou-se o programa AntConc, desenvolvido por Laurence Anthony (2014), que oferece ferramentas gratuitas para diagnóstico e análise de corpus. A pesquisa demostrou que dados contidos no subcorpus, por meio da sinalização lexical, definem e descrevem os gagos e a gagueira em si munidos de autoridade, como voz de quem detém o conhecimento sobre o outro. Ou seja, quem fala define e determina sobre aquele sobre o qual está sendo falado. Ao relatarem que a gagueira pode ser enquadrada como doença, um distúrbio, algo negativo que deve ser curado e corrigido, ocorre uma influência social, pois ocupam um espaço de poder e controle e automaticamente contribuem para moldar a vida das pessoas. É um processo que pode ser comparado a uma força motriz que envolve a estrutura social, as interações diárias, além de persuadir e instigar representações sociodiscursivas do outro.