Imunodiagnóstico empregando novos antígenos para a esquistossomose
mansônica
A esquistossomose é uma doença parasitária tropical negligenciada, com um ponto crítico em
relação a problemas de saúde pública. Estima-se que a esquistossomose afeta quase 240 milhões
de pessoas em todo o mundo, e mais de 700 milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas. No
Brasil, estima-se que a morbidade por infecção pelo Schistosoma mansoni atinja até 1,5 milhão
de pessoas em 18 estados. A esquistossomose pode ser detectada por diferentes métodos, tais
como parasitológico, moleculares e sorológico. Apesar das suas eficácias, os métodos de
diagnóstico sorológicos atuais apresentam certas limitações, como a especificidade e
sensibilidade. Dessa forma, é necessário a busca por diagnósticos precisos. Diante disso, o
presente trabalho propõe-se desenvolver um ELISA in-house para o diagnóstico da
esquistossomose mansônica, empregando-se peptídeos e proteínas recombinantes. Para isso,
foram realizadas análises in silico, visando a identificação e seleção de epítopos antigênicos,
realizados em estudos anteriores por nosso grupo. Assim, proteínas hipotéticas e proteínas com
reconhecimento por anticorpos já demonstrado bons resultados em ensaios de ELISA foram
empregadas para a seleção de epítopos. Em seguida, foram empregados programas de
bioinformática para analisar as seleções de epítopos, predição, verificar se os epítopos preditos
se eram antigênicos e verificar a similaridade dos epítopos com organismos filogeneticamente.
Nesse sentido, foram selecionados e utilizados dez peptídeos sintéticos, denominados P1, P2,
P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10, obtidos por síntese química. Em paralelo, uma proteína
recombinante multiepitopo desenhada em trabalhos anteriores do grupo, denominada rSH1,
também foi utilizada. Os ensaios de ELISA in-house foram realizados empregado duas
sorotecas, denominadas de A e B. A avaliação preliminar do reconhecimento dos diferentes
peptídeos pelos soros que compõem a soroteca A, a qual era composta por soros positivos não
caracterizados, foi realizada empregando as concentrações de peptídeos sintéticos de 100 ng,
500 ng e 1 µg, na diluição das amostras soros em 1/100 e diluição de anticorpo secundário antiIgG humano em 1/10.000, onde foi possível observar uma possível pequena distinção entre os
pools de soros positivos de indivíduos infectados dos pools de soros de indivíduos negativos
para a S. mansoni. Os ensaios de ELISA in-house preliminares utilizando a soroteca B,
composto por soros caracterizados, foram realizados variando as concentrações dos peptídeos
sintéticos entre 100 ng, 500 ng e 1 µg, na diluição das amostras sorológicas em 1/100 e diluição
de anticorpos secundários anti-IgG humano na diluição 1/10.0000, os quais demostraram que
os valores de densidade óptica dos pools de soro negativos de indivíduos saudáveis de áreas
não endêmica foram maiores que os pools de soro de indivíduos infectados positivo e pools de
soros de indivíduos negativos de área endêmica. Posteriormente, empregando modificações no
protocolo, como concentrações dos peptídeos sintéticos entre 50 ng, 500 ng e 1 µg, diluição das
amostras em 1/200 e diluição do anticorpo secundário anti-IgG humano 1/5.000, foi observado
que os resultados não foram promissores. Assim, novos experimentos são cruciais para verificar
a capacidade dos peptídeos em detectar anticorpo em soros de indivíduos infectados. Já para
realização do ELISA in-house preliminar utilizando rSH1, a soroteca B foi utilizada, onde as
concentrações de 140 ng da rSH1, na diluição das amostras sorológicas em 1/25 e 1/50 e
diluição de anticorpos secundários anti-IgG humano na diluição 1/10.0000 foram utilizadas. A
proteína recombinante possivelmente conseguiu distinguir soros positivos de negativos,
independente da concentração e diluição das amostras, evidenciando seu potencial para o
diagnóstico da esquistossomose mansônica. No entanto, é necessário outro ensaio para apurar
sua eficácia e análise estática. A contribuição tecnológica do presente estudo de suma
importância para diagnóstico precoce, o tratamento e controle da doença tendo em vista o
desenvolvimento de novos produtos biotecnológicos com aplicação na saúde humana