A História como Projeto da Razão Prática:
Kant e a filosofia da emancipação humana
Palavras-chave: Filosofia da História. Immanuel Kant. Teleologia. insociável
sociabilidade. Ética e Política.
RESUMO
O presente trabalho pretende investigar a Filosofia da História de Immanuel Kant,
partindo da aparente contradição entre a moralidade transcendental e sua realização histórica.
Argumenta-se que ela constitui um sistema coeso que, fundamentado na crítica teórica,
realiza-se como um projeto ético-político prático. O objetivo central é demonstrar que Kant,
sob a ótica teleológica, busca o fio condutor racional no progresso da espécie humana em um
processo impulsionado pela contradição da "insociável sociabilidade", cujo fim é a realização
imanente do Reino dos Fins na história. Metodologicamente, a pesquisa se voltará à revisão
bibliográfica, priorizando os escritos históricos e políticos de Kant e o colocando em diálogo
com alguns de seus comentadores. O estudo fundamenta-se sob três pilares centrais: 1) a
análise da gênese dessa filosofia, situando-a no Iluminismo tardio prussiano e examinando
sua possibilidade sob as premissas da Crítica da Razão Pura; 2) a exposição do juízo
teleológico reflexionante como instrumento regulativo para discernir o "plano da natureza",
que opera pela "insociável sociabilidade" como motor histórico; e, por fim, 3) a demonstração
de como essa filosofia busca concretizar-se na práxis, fornecendo o horizonte para a
realização da autonomia moral na esfera pública por meio de uma ordenação civil justa,
culminando nas ideias de Direito Cosmopolita e Paz Perpétua. Conclui-se que a filosofia da
história kantiana é fundamentalmente uma filosofia da esperança ativa, cuja contribuição
reside em articular teoria e práxis numa mediação constante entre o ideal e o real,
promovendo uma ideia de emancipação humana.