RELAÇÃO ENTRE O USO DE DIFERENTES APRESENTAÇÕES FARMACÊUTICAS DE CLORIDRATO DE METFORMINA E A OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS GASTROINTESTINAIS: ESTUDO BIOFARMACÊUTICO E DE PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
diabetes mellitus tipo II, diarreia, náuseas, biguanidas, distúrbios gastrointestinais
Introdução: O medicamento cloridrato de metformina (MET) é um agente hipoglicemiante de administração oral, considerado o fármaco de primeira escolha para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Os principais efeitos adversos (EAs) relacionados ao uso de MET são distúrbios gastrointestinais. Uma hipótese associada a ocorrência de EAs gastrintestinais devido ao uso de MET está relacionada com a velocidade de liberação do fármaco a partir de sua forma farmacêutica, uma vez que, quanto maior a velocidade de liberação, maior será sua concentração no intestino. Torna-se relevante investigar se há diferença na percepção dos EAs gastrointestinais, bem como, a correlação com a qualidade e a velocidade de liberação do fármaco entre diferentes apresentações comerciais de MET. Métodos: Trata-se de um estudo observacional de coorte prospectivo, no qual foi relacionado a ocorrência de diarreia em pacientes com DM2 que iniciaram o tratamento com formulações de liberação prolongada (XR) de MET na dose de 500 mg. Adicionalmente, nesta etapa do estudo, diferentes apresentações de MET foram analisados quanto aos testes de doseamento e uniformidade de dose unitárias conforme descrito nas monografias da Farmacopeia Americana. Também foi realizado o perfil de dissolução das diferentes marcas de MET, a fim de se verificar a porcentagem de cedência do fármaco em função do tempo. Resultados: Considerando os pacientes elegíveis para a participação no estudo (n= 27) dezenove (66,7%) utilizaram o medicamento referência (R) e oito (33,3%) utilizaram o medicamento genérico (G) de MET 500 mg XR. Observou-se menor frequência de EAs gastrointestinais nos pacientes que fizeram uso do medicamento referência quando comparado com aqueles que utilizaram o medicamento genérico. Nos dois grupos (R e G) os EAs não afetaram a vida social e familiar, bem como, a qualidade de vida dos pacientes. Com relação ao estudo biofarmacêutico, o medicamento G4 apresentou resultado no teste de doseamento abaixo dos limites especificados pela farmacopeia, sendo, portanto, considerado um resultado insatisfatório. A amostra G2, apresentou a quantidade máxima de MET dissolvida no tempo de 10 minutos (97,69%), permanecendo constante nas demais coletas. Em G3, a quantidade de MET dissolvida foi gradativa, atingindo concentração máxima em 25 minutos (92,07%), permanecendo constante nos demais tempos de coleta. Os resultados obtidos até o momento sugerem que os EAs e velocidade de liberação do fármaco podem estar associados ao tipo de formulação, entretanto, estudos adicionais envolvendo a avaliação de qualidade, do perfil de dissolução e da percepção do EAs ainda estão sendo realizados a fim de melhor subsidiar a hipótese levantada. Espera-se, com este trabalho, contribuir para a otimização da farmacoterapia de pacientes intolerantes aos EAs gastrointestinais decorrentes do uso de MET.