NARRATIVAS DESCOLONIZANTES:
A RESSIGNIFICAÇÃO DA IDENTIDADE CANADENSE E O EMPODERAMENTO FEMININO EM OS TESTAMENTOS, DE MARGARET ATWOOD
Os Testamentos - Distopia - Identidade Canadense - Empoderamento Feminino
Quais estratagemas foram necessários para a instauração do regime teocrático fundamentalista que suplantou os antigos Estados Unidos na Gilead de Atwood? Por que ainda hoje, mais de três décadas após a publicação de O Conto da Aia, a distopia atwoodiana continua surpreendendo seus leitores por conta de sua atualidade e verossimilhança? Quem foram os responsáveis pelo fim daquela sociedade totalitária pautada na opressão patriarcal puritana e no controle dos corpos femininos? Essas e outras indagações impulsionam a pertinência de Os Testamentos, obra integrante de uma tradição literária duplamente marginalizada — aquela produzida por mulheres de países pós-coloniais — que se avulta a partir dos relatos de três narradoras aparentemente bastante distintas (Tia Lydia, Agnes e Daisy), mas que partilham, em diferentes graus, a condição de subalternidade que lhes é imposta por uma sociedade patriarcal, imperialista e reacionária pautada no Antigo Testamento.