Viver entre Fronteiras: trajetórias identitárias em Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem, de Marise Condé
Estratégias narrativas; Metaficção; Diáspora; Identidade; Eu Tituba: bruxa negra de Salem.
Esta dissertação se propõe a investigar o processo de construção identitária e as possibilidades de empoderamento e agenciamento da personagem Tituba no romance metaficcional Eu Tituba: bruxa negra de Salem, da escritora Maryse Condé. Para alcançar os objetivos propostos, analiso as estratégias narrativas utilizadas pela escritora com o objetivo de revisitar a história de Tituba e ressignificar os silêncios e lacunas presentes na história dessa mulher e, assim, possibilitar a desconstrução de imagens estereotipadas, bem como a reescrita de acontecimentos históricos tidos como hegemônicos sob a ótica dos sujeitos subalternizados. Também descrevo aspectos relativos à história de Tituba e ao obscuro período da caça às bruxas como forma de contextualizar o ambiente persecutório da época. Examino ainda a diáspora e o devir em trânsito vivenciados pela personagem, bem como os contínuos deslocamentos por diferentes espaços afetivos, discursivos, geográficos e identitários que levam a transformações em sua subjetividade e tornam a identidade de Tituba múltipla e fragmentada; isso a caracteriza como uma mulher deslocada e desenraizada. Para o desenvolvimento desta análise, busquei me basear nas reflexões de intelectuais de diferentes origens. Esses textos teóricos, bem como as diferentes teorias utilizadas, foram cruciais para iluminar a obra de Condé e refletir sobre como o colonialismo, a mobilidade e os deslocamentos marcam a trajetória da protagonista do romance.