O SILÊNCIO DAS MULHERES E OS LUGARES DE DIZER: UM OLHAR SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO
Semântica da enunciação. Silenciamento. Mulher. Referencial histórico.
O presente estudo encontra como ancoragem teórica os pressupostos desenvolvidos pela Semântica da Enunciação e tem por finalidade analisar como o silenciamento feminino se manifesta em discursos da e sobre a mulher. Busca, assim, traçar o percurso da construção moderna e ocidental da feminilidade, categorizar sob quais referenciais essa construção ocorre e analisar, linguisticamente, os efeitos de sentido desse silenciamento em diferentes lugares de dizer e momentos históricos-sociais. Face a isso, apresenta algumas categorias (mansplaining, manterrupting, bropriating e gaslighting) pelas quais esse silenciamento se materializa, observando como o domínio de mobilização, o espaço de enunciação e os referenciais históricos se articulam para sua sustentação dessas enunciações. A seleção do corpus da pesquisa foi realizada por meio de buscas de enunciados nas redes sociais Twitter, Instagram e Facebook, bem como no site de pesquisas Google, utilizando dois processos metodológicos, a saber: sondagem (GUIMARÃES, 2018; 2023) e redes enunciativas (DIAS, 2018). Utilizamos, ainda, a reescrituração, por recurso parafrástico, a fim de investigar o tensionamento entre o dito e o não-dito, visto que os nomes ‘silêncio’ e ‘silenciamento’ nem sempre apareceram de formas explícita em nosso corpus. Desse modo, nossa análise permitiu descrever em que medida o silenciamento participa do processo de significação dos papeis que a mulher desempenha no cotidiano social e como os referenciais históricos mobilizam ou desmobilizam esse silenciamento.