UM DEFEITO DE COR: A HIERARQUIA RACIAL A PARTIR DA OBRA DE ANA MARIA GONÇALVES
Colonialismo. Hierarquia Racial. Patriarcalismo
O livro Um Defeito de Cor de autoria de Ana Maria Gonçalves, publicada em 2006, traz a conjuntura escravista do século dezenove. Sob o olhar da narradora-protagonista, Kehinde, relata sua trajetória de vida desde os oito anos de idade, quando vivia na África, onde ocorreu a captura, perpassando pela travessia no oceano atlântico, seu convívio no Brasil, a chegada de seus filhos, assim como, as perdas até sua reconstrução de vida através do seu retorno à África. A hierarquia racial é constatada em toda a narrativa, envolvendo personagens brancos, mulatos, crioulos e pretos. Seguindo esta ótica, pretendo abordar as pressuposições construídas pela branquitude no período colonial que resultaram em uma sociedade hierarquizada racialmente. Em vista que, no contexto do século XIX, o posicionamento da igreja, as ciências e as correntes filosóficas universais contribuíram para a implantação de uma sistemática racista no Brasil. Assim como, os discursos patriarcais e os de cunho nacionalistas. Dessa forma, as religiões dos pretos, suas danças, seus modos de resistência tornaram-se motivos de perseguição e os corpos negros além de explorados passaram por vigilâncias e julgamentos constantes.