Canthos e Incantare: uma dialética da função social do cancionista na obra de Belchior
Belchior
Esta dissertação analisa a obra de Antônio Carlos Belchior a partir da perspectiva da função social do cancionista. O cancionista desempenha a função de elo entre os indivíduos de um grupo, lugar, ou sociedade, e seu universo cultural, isto é, a voz do cancionista é um elemento privilegiado de conexão entre os indivíduos e a produção cultural humana como um todo (canthus). No entanto, nenhum indivíduo é capaz de acessar todo o conteúdo da produção cultural humana, entrando em ação, portanto, a individualidade de cada cancionista no processo de pinçar elementos que lhe afetam nesse todo cultural e transformá-los em um objeto estético específico, diferente de todos os outros, porque mediado por sua individualidade, sua singularidade, sua assinatura (incantare). Assim, sua obra tanto reflete quanto refrata a sociedade de seu tempo e lugar. O conceito de dialética da função social do cancionista é caracterizado e estudado aqui pela inter-relação entre os polos canthus e incantare na obra de Belchior. A análise se desenvolve, portanto, entre aquilo que perpassa o cancionista enquanto vivenciado por ele em um tempo e lugar específico e aquilo que sua individualidade faz dessa vivência enquanto arte, isto é, enquanto objeto estético único que imprime sua assinatura no universo da cultura.