Enterococos, Enterocina B, Bioinformática, Candidiase
Enterocinas são um grupo de bacteriocinas secretadas por bactérias do gênero Enterococcus sp., que possuem atividade antimicrobiana, antiviral e antitumoral bem documentadas na literatura, porém, poucos estudos descrevem sobre a atividade anticandida destas enterocinas. Apesar de sua característica probiótica, e de ser muito utilizada na indústria contra deteriorantes alimentícios, a viabilidade da inserção de enterococos em alimentos tem sido descartada devido ao aumento da ocorrência de fatores de virulência nessas cepas. Uma excelente abordagem para a solução deste problema, é expressar enterocinas de forma heteróloga. Neste trabalho, a enterocina B, de Enterococcus faecium, foi caracterizada por ferramentas de bioinformática, expressa e purificada a partir de células de E. coli BL21(DE3) e ArcticExpress, a fim de verificar sua solubilidade durante a expressão. Finalmente, a Enterocina B foi testada para o seu efeito antifúngico em cepas de referência Candida albicans, resistente a antifúngicos, e Candida glabrata. Os resultados mostraram uma diferença na estrutura terciária, quando comparada com a literatura. A estrutura analisada neste trabalho apresentou duas regiões a-hélice, enquanto que na literatura, a Enterocina B apresentou quatro regiões a-hélice. No entanto, os resultados das predições físicoquímicas como quantidade de aminoácidos (53), pI teórico (9.25), peso molecular (5,4 kDa), anfipacidade, entre outros, corroboram com resultados publicados por outros autores. A expressão heteróloga em grande escala foi realizada em células ArcticExpress devido à expressão parcialmente solúvel do peptídeo, pois em células BL21 (DE3), a expressão ocorreu totalmente em forma de corpos de inclusão. Os resultados in vitro demonstraram que a Enterocina B não foi capaz de inibir o crescimento das cepas de Candida albicans e Candida glabrata em concentrações de 250 e 500 µg/mL, respectivamente, no ensaio de CIM. Uma provável hipótese seria de que a proteína de fusão GB1, expressa juntamente com a Enterocina B, para aumentar a estabilidade e solubilidade do peptídeo, pode estar impedindo a interação inicial que ocorre entre a porção N-terminal da Enterocina B e a membrana da célulaalvo. Dessa forma, testes adicionais envolvendo a Enterocina B, clivada da proteína de fusão, se tornam necessários para uma correta conclusão sobre a atividade deste peptídeo frente a cepas de leveduras.