AVALIAÇÃO IN VITRO DO EFEITO DO DIAZEPAM NA ATIVIDADE ATPásica, CONTEÚDO LIPÍDICO E ESTRESSE OXIDATIVO DE MEMBRANAS ERITROCITÁRIAS
Diazepam; Eritrócitos; Na,K-ATPase; Lipídios; Estresse oxidativo.
Diazepam (DZP) é um dos benzodiazepínicos (BZDs) mais conhecidos, sendo amplamente utilizado como ansiolítico, anticonvulsivante e relaxante muscular. Levando-se em consideração o consumo crescente e indiscriminado de fármacos ansiolíticos em todo o mundo, juntamente com a escassez de trabalhos que avaliem os efeitos de BZDs nas células sanguíneas, além do fato de que, após a administração, o DZP permanece temporariamente na corrente sanguínea, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do DZP, sobre atividade das enzimas Na,K-ATPase e PMCA, integridade da membrana plasmática e parâmetros relacionados ao estresse oxidativo em eritrócitos humanos. Para isso, sangue humano foi incubado com DZP 15 μg/mL (solução injetável ou puro) por 30 e 60 minutos, a temperatura ambiente. Posteriormente, foram realizadas as seguintes etapas: preparação de membrana eritrocitária (ghost), extração lipídica, determinação da fragilidade osmótica, dosagem de fosfolipídios e colesterol totais e avaliação da atividade de enzimas antioxidantes e de parâmetros oxidativos. O tratamento com DZP injetável provocou uma diminuição na atividade da Na,K-ATPase eritrocitária, não apresentando alterações significativas nos demais parâmetros. Já o grupo tratado com DZP puro apresentou uma maior fragilidade osmótica quando comparado ao grupo controle. Foi observado um aumento de 43% no conteúdo de fosfolipídios de membrana após 60 minutos de tratamento. O índice de peroxidação lipídica não foi alterado, mas foi observada uma diminuição nos níveis de H2O2 e nas atividades da CAT e AChE. Além disso, outros marcadores de estresse oxidativo, como GPx e GSH, foram modulados pelo DZP de maneira tempo-dependente, e uma diminuição de 46% na atividade de Na,K-ATPase foi observada após 30 minutos de tratamento. Esses resultados indicam que o DZP foi capaz de alterar importantes parâmetros bioquímicos nos eritrócitos, como fragilidade osmótica, conteúdo lipídico, estresse oxidativo e atividade ATPásica da membrana de maneira tempo-dependente. Assim, os diversos efeitos aqui observados ressaltam a importância de estudos que avaliem o efeito dos BZDs nos eritrócitos, motivando o uso consciente e controlado desses fármacos e a busca de tratamentos alternativos, uma vez que o uso prolongado do DZP por indivíduos que já se encontram debilitados por doenças que comprometem as células sanguíneas pode afetá-los de maneira significativa.