“ESSAS HISTÓRIAS DE AMOR MALDITO”: A HOMOSSEXUALIDADE MASCULINA EM GRETA GARBO, QUEM DIRIA, ACABOU NO IRAJÁ
HOMOSSEXUALIDADE MASCULINA; GRETA GARBO, QUEM DIRIA, ACABOU NO IRAJÁ; TEATRO BRASILEIRO; DRAMATURGIA
Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá (1974), texto cômico de autoria de Fernando Mello, faz parte de uma série de textos de teatro, com forte teor político, que foram escritos, no Brasil, no período da ditadura civil-militar (1964-1985). Desde o início do golpe, os/as autores/as teatrais, imbuídos/as da luta contra o nefasto ciclo militarista e autoritário que se delineava, começaram a evidenciar em suas dramaturgias as mazelas e preconceitos sociais da burguesia e dos governos ilegítimos, com o principal objetivo de borrar o status quo imposto socialmente. No texto teatral em questão, acompanhamos as aventuras e desventuras de Pedro (ou Greta Garbo), solitário homossexual de meia-idade, efeminado, enfermeiro e morador do subúrbio carioca, que se apaixona perdidamente pelo jovem Renato, rapaz interiorano, que chega à capital do estado com o intuito de cursar medicina. Eles vivem um relacionamento que se sustenta, pelo menos inicialmente, pelo fato de o enfermeiro suprir financeiramente o jovem mancebo. Diante das perspectivas apontadas, essa comunicação objetiva debater, com base no texto dramatúrgico Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, como o personagem Pedro é construído e evidenciado, considerando a comicidade como um dispositivo político para a visibilidade e consequente protagonismo do homossexual masculino no texto teatral, no período do estado de exceção no Brasil.