Política, vida e medo: um elogio às vitrines quebradas
Thomas Hobbes; violência; política; vida; medo
Em sua filosofia política, Thomas Hobbes apresenta a conservação da própria vida como o elemento central ao qual o ser humano dedica o máximo de seus esforços, em conformidade com o principal imperativo das Leis de Natureza. Ao lado da “vida”, outro elemento de destaque nas reflexões propostas pelo filósofo é o “medo”, citado pelo pensador inglês como a primeira das três paixões que inclinam os homens para a paz e em cuja ausência, mesmo as leis de natureza não têm força suficiente para se fazerem obedecer. A apreciação desses dois operadores – vida e medo – na formação e manutenção do corpo político abre campo para instigantes reflexões acerca da relação entre os súditos e a figura do soberano, podendo até mesmo dialogarem, em alguma medida, com impasses observados, contemporaneamente, entre o poder instituído e os anseios das maiorias populares. A vida a ser garantida pelo Estado limita-se à integridade física ou contempla aspectos mais amplos? Diante da falência do corpo político no cumprimento do seu escopo protetivo, é possível argumentar em favor de uma resposta violenta dos súditos em face do poder soberano? Em alguma medida, é possível vislumbrar a mobilização do medo como um instrumento político em favor dos súditos?