Influência Individual e Contextual na Autoavaliação de Saúde Entre Brasileiros Mais Velhos: Evidências do ELSI-Urbe
Idoso. Determinantes Sociais da Saúde. Desigualdades sociais em saúde. Privação social.
Introdução: O envelhecimento populacional aumentou a necessidade de identificar determinantes de saúde e desigualdades nesta população. A autoavaliação de saúde é um indicador confiável do estado geral de saúde, capaz de predizer tanto o declínio funcional quanto a mortalidade. Objetivo: Avaliar a associação entre fatores individuais e do contexto e a autoavaliação de saúde em brasileiros mais velhos. Métodos: Estudo transversal realizado a partir dos dados do projeto ELSI-Urbe (A influência do ambiente físico e social na saúde de adultos brasileiros mais velhos: estudo de base populacional longitudinal multimétodos), que está integrado ao Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). Para este estudo utilizamos dados da linha de base (2015-2016) do (ELSI-Brasil), conduzido em uma amostra nacionalmente representativa de indivíduos com 50 anos ou mais. Este estudo incluiu 6.768 participantes com 50 anos ou mais, residentes em áreas urbanas. Autoavaliação de saúde foi medida usando a pergunta “Em geral, como o Sr(a) avalia a sua saúde?” e uma medida dicotômica (boa vs. ruim) foi utilizada. As variáveis explicativas incluíram: raça autorreferida, estado civil, nível de escolaridade, comportamentos de saúde, multimorbidade e acesso a serviços de saúde no nível individual; e o Índice Brasileiro de Privação (IBP) no nível contextual (setor censitário). Sexo e idade foram usados como variáveis de ajuste. Foram utilizados modelos de regressão logística multinível (indivíduos e setores censitários). Resultados: A prevalência de autoavaliação de saúde ruim foi de 53,74% (IC95%: 51%-57%). No nível individual, a autoavaliação de saúde ruim foi positivamente associada à se autodeclarar negro(a), pardo(a), asiático(a) ou indígena (OR: 1,24; IC95%: 1,18-1,47), à apresentar comportamentos inadequados de saúde (OR: 1,18; IC95%: 1,05-1,34), à multimorbidade (OR: 2,00; IC95%: 1,64-2,45 para uma doença, e OR: 3,82; IC95%: 3,22-4,54 para duas ou mais doenças), e ter tido duas ou mais consultas médicas no último ano (OR: 1,68; IC95%: 1,44-1,97). Por outro lado, a autoavaliação de saúde ruim foi negativamente associada à maior escolaridade (OR: 0,82; IC95%: 0,71-0,96 para 5 a 8 anos de escolaridade, e OR: 0,43; IC95%: 0,37-0,49 para 9 anos ou mais de escolaridade). No nível contextual, a autoavaliação de saúde ruim foi positivamente associada ao IBP (OR: 1,21; IC95%: 1,17-1,24). Conclusões: Os resultados mostraram associação entre fatores individuais e contextuais na autoavaliação de saúde de idosos brasileiros, destacando disparidades entre grupos e reforçando a importância de implementar políticas públicas voltadas, especialmente, para melhorar a infraestrutura urbana, acesso à educação, saúde e justiça social para reduzir as desigualdades observadas.