“DESTA VEZ ESTÁ UM POUCO DIFERENTE”: NEOCONSERVADORISMO
ESTADUNIDENSE NA DÉCADA DE 1980 EM AMERICAN HORROR STORY: AHS
1984 (2019)
Slasher; Neoconservadorismo; Estados Unidos da América.
O cinema slasher é um subgênero do horror cinematográfico que foi criado e
atingiu grande sucesso nos Estados Unidos da América em finais da década de 1970 e,
principalmente, nos anos 1980. Seu alcance foi tamanho a ponto de tornar várias figuras de
seus filmes em ícones da cultura pop ocidental, reconhecidos até hoje por diversas gerações.
Na década de oitenta o slasher foi veículo de uma visão neoconservadora, que partilhava dos
ideais do governo Ronald Reagan (1981-1989) e de parcela da classe dominante do país. Após
diversas reformulações do gênero, o slasher foi aderindo à metanarrativa e se transformando
em diálogo com as modificações da sociedade contemporânea a ele. Buscamos aqui perceber
como o medo criado pelas telas do slasher das décadas de 2010 e início de 2020 se conectam
ao seu público, revelando seus medos e ansiedades. O uso constante da nostalgia e
autorreferência dentro do gênero, atualmente, acabam por tecer comentários sobre as
primeiras obras slasher e, consequentemente, sobre os anos 1980 e a sociedade daquele
período. Portanto, ao analisar as representações da sociedade contemporânea, os mecanismos
utilizados para gerar medo e atrair público, bem como as reflexões sobre o passado do slasher
são estratégias sugeridas aqui para buscar compreender como os Estados Unidos
contemporâneo expõe seus medos e anseios através do gênero. No ano de 2019 foi ao ar a
nona temporada da série antológica de horror “American Horror Story” (Ryan Murphy e
Brad Falchuk, 2011 - presente). Com início, meio e fim, e sem conexões com os demais anos
da produção, ela foi intitulada “AHS 1984”. Contando uma narrativa de slasher, a obra
homenageou o gênero e a década de 1980 ao mesmo tempo em que teceu críticas sobre o
período e o neoconservadorismo presente nele e nos filmes do subgênero. Partindo então
deste objeto, busquei analisar as representações de grupos e discursos neoconservadores sobre
a ótica contemporânea dos produtores, observando aquilo que o gênero tem a dizer sobre o
passado e presente por meio de tropos, estereótipos e o uso do medo como ferramentas do audiovisual.