A dissertação pretende compilar os artigos produzidos ao longo da pesquisa, cujo tema central são as ações, os corpos, na construção do ambiente urbano. A partir do
entendimento de que a arte/ciência estão atreladas às formas de ver e mexer no mundo, tratamos dos dispositivos de saber para análise alargada como forma de compreensão da
complexidade que se desdobra aos nossos olhos. A partir do programa de extensão Parque-Escola Chacrinha -UFSJ, desenvolvem-se dois artigos: O primeiro trata de uma ação
continuada no bairro Araçá, São João del-Rei, que articulou diversos atores e instituições por meio do urbanismo tático na qualificação urbana. O segundo, parte da cartografia afetiva para traçar os movimentos rizomáticos do planejador-educador e vestígios das ações na instituição e sujeitos. O terceiro artigo, sai da instituição pública de ensino e se envolve na capoeira como patrimônio imaterial, no momento de salvaguarda de pessoas como bens convivendo com a criação de produtos imateriais.

A dissertação traz um olhar do autor sobre as relações dentro da construção civil. Pretende-se entender os desdobramentos históricos decorridos por conta dos métodos construtivos abordados na pesquisa, sua relevância para os moradores de baixa renda e suas relações com a construção do espaço. A autogestão norteia o debate como forma de sustentabilidade para a construção. O Programa Interdepartamental de Pós-graduação Interdisciplinar em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade (PIPAUS) estabelece a existência de um produto artístico condizente com a dissertação. Dentre as várias possibilidades, foi escolhida a obra literária de ficção, que tem como objetivo retratar vários personagens que se relacionam, gerando uma temporalidade não linear, dentro do contexto da construção civil.

Atualmente, a forma de consumir cultura no mundo mudou. Museus, centros culturais ou monumentos históricos vêm passando por transformações que se adequam a essas tendências contemporâneas. A tecnologia digital tem sido uma das aliadas na ampliação da experiência do usuário na esfera cultural, seja na modalidade virtual ou nos locais de visitação. Os meios de interação com o usuário têm alcançado abordagens lúdicas e participativas como forma de aumentar a atratividade e facilitar o engajamento, com destaque para as estratégias de gamificação. O objetivo dessa pesquisa é compreender como a experiência lúdica (gamificada), por meio de uma interface digital, pode colaborar para a experiência do turismo de lazer ao mesmo tempo que valoriza o patrimônio histórico-cultural. Para isso, recorreu-se à revisão da literatura existente para compreender as características e o uso da gamificação no turismo e o desenvolvimento de um experimento prático (produto mínimo viável), um aplicativo gamificado para a visitação turística em uma igreja barroca do século XVII, na cidade de São João del-Rei, Minas Gerais. A aplicação segue o Modelo Tétrade Elementar de Jesse Schell (2015) adequando os componentes do jogo, como: a mecânica, a dinâmica, a tecnologia e a narrativa, para cumprir com aspectos sistêmicos de jogabilidade, execução e interação emocional do usuário para gerar uma experiência lúdica. No primeiro momento da pesquisa, buscou-se a compreensão sobre o funcionamento de um jogo, a implementação de estratégias de gamificação, as formas de interação e a inserção do conteúdo para o alcance dos objetivos estabelecidos. Após essa fase, identificou-se de que forma os elementos de design de jogos e o pensamento de jogos podem ser aplicados em um contexto turístico para mediação da experiência de um bem cultural construído, de modo que a visitação ao local seja enriquecida. Como resultado da criação do experimento prático, espera-se que a qualidade da interação do usuário com o acervo visitado, possa auxiliar na valorização do bem patrimonial e contribuir para ampliar a oferta turística local.

O trabalho propõe a análise da relação das escolas públicas da cidade de São João del-Rei/MG com a problemática do lixo urbano, dando atenção especial a ausência de um programa de coleta seletiva na cidade. Trata-se de uma pesquisa-ação que explora as relações entre o vivido no interior das instituições de ensino e seus desdobramentos na cidade que a envolve. Se por um lado, as instituições escolares, historicamente, reproduziram uma cultura de distanciamento do ser humano com a natureza e estimulam a lógica de produção e descarte cada vez mais acelerada, o que agrava a problemática dos resíduos sólidos; por outro, a escola também é um espaço privilegiado de reelaboração cultural, com um papel importante na formação para a cidadania e responsabilidade ambiental, através da aplicação da Lei 9795/99, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Constatou-se, através da aplicação de questionários, realização de entrevistas e da observação participante em audiências públicas relacionadas a gestão dos resíduos urbanos sanjoanenses a sobrecarga de responsabilidades atribuídas ao sistema educacional contrastadas com o silêncio de ações propositivas do poder público local para com fazer valer a e a Lei 12.305/10. Que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil. A dissertação inspira, alinhada ao grupo “Modernidade Colonialidade”, a pensar “pedagogias outras” que considere o corpo e os espaços nos processos de ensino-aprendizagem.

A presente pesquisa tem buscado reconhecer as transformações socioespaciais ocorridas a partir do advento
da chegada e da expansão da fotografia pelos fotógrafos e ou retratistas que circularam nas Minas Gerais
do século XIX e início do século XX, prioritariamente, aqueles que registraram a paisagem e a sociedade
de Barbacena, São João del-Rei e Lavras – pólos microrregionais da mesorregião do Campos das Vertentes
- nos quase 50 anos a partir da chegada da fotografia nesta região. Busca-se entender como a produção
imagética nesse território impactou a construção social e a estruturação da memória coletiva e a organização
social. Para subsidiar este estudo teórico-metodológico foram levantados referenciais teóricos sobre
questões urbanas, memória, Antropologia e/ou Sociologia da imagem, fotografia e sua história.
Concomitantemente, está ocorrendo o cruzamento de informações sobre os fotógrafos itinerantes, como
também a coleta das imagens fotográficas deste período em acervos disponíveis, que corroboram para
entendimento do ofício da fotografia e da produção fotográfica no Brasil, nas Minas Gerais, e
especificamente nessa mesorregião, na época estudada. Os pioneiros da fotografia vindos de vários lugares,
ao expandirem suas atividades nessa região, trouxeram mais que a produção e a comercialização de retratos,
propiciaram a fotografia ser assimilada como documento da realidade e ser consumida como elemento de
uma modernidade em implantação. Entende-se que a fotografia seja um instrumento que comunica, dialoga,
permite desvelar camadas ao “colocar luz e foco” e contextualizar os olhares e as percepções sobre essa
região, contribuindo para a formação da memória e dos lugares de memória. A pesquisa permite ainda a
reflexão sobre as dimensões estéticas, sociais, culturais, históricas, políticas, econômicas e psicológicas,
inclusive interferindo subjetiva e concretamente para a transformação da paisagem e da percepção do
espaço urbano.

Narrar e analisar um carrinho de pipoca, que vira museu em 2015, nomeado Muquifoca,
foi o principal caminho dessa dissertação. Através da cartografia e da participação ativa
nos acontecimentos, estuda-se esse inusitado meio de expor acervos e memórias, que leva
o museu para além de seus muros, alcançando a comunidade e instituições e locais externos à
mesma. Analisamos as conexões que a Museologia Social incentiva, sempre se utilizando da
interdisciplinaridade como base, o que permite aos museus uma nova formatação, com liberdade
de fazer e desfazer, colocar e tirar, sempre dando voz a seus interlocutores, com diálogo,
preocupando-se com os problemas do território e seus moradores, fazendo arte, pensando em
urbanidade e sustentabilidade ambiental e social. A possibilidade de ter-se uma educação museal,
não formal, que incentiva a criatividade e a aquisição de consciência social, quando se consegue
ser critico, indagando a realidade vivida. A dissertação questiona o formato hegemônico e
eurocêntrico dos museus tradicionais, ao pesquisar sobre as possibilidades e certezas dos novos
museus do século XXI, que se preocupam com os seres humanos, suas relações e memórias. O
museu no carrinho de pipoca é inovador, provocador, libertador e transforma-se em importante
dispositivo educacional e de comunicação, como o auxílio dos seus mediadores.

A proposta desta pesquisa é trazer a conscientização ambiental através do fazer artístico na eco-educação. Desenvolver o pensamento crítico, buscando ampliar a consciência sobre as mudanças climáticas, mostrando como a arte-educação pode colaborar no desenvolvimento da percepção ambiental da comunidade em relação ao seu patrimônio natural e cultural.

A pesquisa analisa os aspectos culturais e históricos da musicalidade presente na paisagem sonora do “Largo do Carmo” em São João del-Rei, a partir do fenômeno do Sagrado e Profano na sociedade tradicional são-joanense. Inicia-se com uma breve abordagem sobre a ciências da religião no âmbito da interdisciplinaridade, a partir da definição de sacralidade e profanidade num determinado tempo e espaço e como se manifesta culturalmente na população. Com um recorte espacial que abrange a Praça Carlos Gomes, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, o Cemitério do Carmo, a Sociedade de Concertos Sinfônicos e a Rua da Cachaça. Locais que servem de cenário para “crendices e rituais”, onde diversos grupos de música populares e eruditas compartilham do mesmo espaço formando uma sociedade cheia de anacronismos que nos remetem ao período barroco colonial e ainda permanece atuante nas tradições da cidade. Através da produção plástica com a materialização do processo criativo em uma série de pinturas intituladas como: “Tons e Sons sagrados e profanos de Del-Rey”, torna-se possível criar uma narrativa que transita pelas experiências sonoras encontrados tanto nas cerimônias litúrgicas da musicalidade sacra religiosa cristã quanto na música profana da zona boêmia da cidade. Com a esperança de alcançar bons resultados cujo viés é trabalhar a interdisciplinaridade em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade, a pesquisa foi um modo importante de estabelecer a relação da sociedade com a cidade, que de certa forma, é produtora de conhecimento. Para entender como se dá às práticas do cotidiano e da organização do espaço nesse meio social é preciso delimitar um campo do saber e se dedicar a observação, pois, ao produzir arte-ciência estamos abrindo caminhos para novas aprendizagens e visões de mundo.

Pesquisa autobiográfica que apresenta a criação e sistematização de uma abordagem eco-artística, a AAEC – Abordagem Artística Ecológica Circular, que tem por objetivo de estimular, criar e desenvolver processos criativos artísticos que almejam integrar crianças e adolescentes com a natureza através da arte, em áreas com vegetação preferencialmente natural. A proposta pretende olhar para o espaço arquitetônico da cidade e do campo, propondo atividades artísticas e processos de criação nas áreas verdes dos territórios brasileiros.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar os indicadores e alguns cenários sobre os resíduos de saúde e sólidos urbanos da microrregião de São João del-Rei, que faz parte de uma mesorregião do Campo das Vertentes, e dar um parecer sobre os itens analisados. Para isso, iremos citar informações inerentes a legislação ambiental vigente no Brasil, e fazer um comparativo com outras regiões do mundo sobre a geração de resíduos; o correto uso e manuseio, transporte, destinação e tratamento destes, bem como seus impactos ambientais. Como estudo de caso iremos analisar os resíduos das unidades de saúde de São João del-Rei: Santa Casa da Misericórdia, Hospital das Mercês e Unidade de Pronto Atendimento (UPA), verificando os tipos de resíduos gerados por estas, e comparando-os com outros resíduos de saúde e urbanos da microrregião de São João del-Rei. Na metodologia serão realizadas visitas técnicas em campo, com levantamento de dados qualitativos e quantitativos e pesquisas com pessoas envolvidas nesses processos. Será aplicado o Método de Análise do Modo e Efeito da Falha (FMEA), como avaliador dos problemas encontrados em algumas situações das empresas. Por fim, será avaliado qual o papel da gestão pública dos municípios, das secretarias públicas envolvidas, do Consórcio Intermunicipal de Gestão e Desenvolvimento Ambiental Sustentável das Vertentes (Cigedas Vertentes) e do Consórcio Intermunicipal de Saúde das Vertentes (Cisver), do papel da Associação dos Catadores de Material Reciclável (Ascas) e ONGs direcionadas ao tema resíduos na região, além de avaliar a importância das empresas com contratos diretos com a Prefeitura de São João del-Rei e as unidades de saúde da cidade, para destinação e tratamento dos resíduos, tais como Serquip e Pró-Ambiental, que são algumas das principais empresas que passam por licitações. Será avaliado qual o melhor tipo de disposição final para os tipos resíduos encontrados, comparando a realidade dos lixões, aterros controlados e aterro sanitário, verificando como tudo isso pode ajudar o meio ambiente como um todo para esses municípios, e organizando as ideias ao tema proposto para o Programa Interdepartamental em Interdisciplinaridade em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade (Pipaus).

Neste texto, apresento uma narrativa qualitativa em primeira pessoa, a partir do meu ponto de
vista enquanto professora de arte da educação básica, artista e arteterapeuta, que busca um olhar
sensível no trabalho em sala de aula, na contramão de uma educação bancária e reificadora.
Nesse sentido, o texto tem um caráter contra-hegemônico e questionador das opressões e dos
condicionamentos tradicionais no campo educacional e apresenta a minha busca por romper
com estereótipos e encontrar caminhos para driblar a rudeza neste campo. Sendo assim, trago
memórias da sala de aula na tentativa de encontrar caminhos sensíveis que nos libertem desses
condicionamentos. Além disso, apresento a influência da arteterapia como possibilidade de
pensar atividades em sala de aula durante o período de ensino remoto em decorrência do
COVID-19, a partir da observação da situação de saúde psíquica dos estudantes. Paralelamente,
questiono os desafios de construir uma trajetória como artista, diante da rotina de professora de
arte da educação básica. Trago, também, para o processo de construção deste texto, a busca
dessa trajetória a partir de uma série de pinturas realizadas durante a pesquisa, de forma
arteterapêutica, com as quais articulo os conceitos trabalhados no decorrer da dissertação.
Todos os processos narrados levam em consideração o meu próprio processo de
autoconhecimento e individuação, no exercício dos papéis sociais que represento e na tentativa
de ressignificar a própria trajetória, assim como as expressões e experiências subjetivas dos
estudantes. Intenciono mostrar nesta pesquisa, principalmente, a importância do olhar para o
nosso mundo interno, no diálogo com o mundo externo, e como a arte e a arteterapia -
vivenciadas por mim e propostas aos estudantes - podem contribuir para esse olhar e processo
de autoconhecimento. Trago como aporte teórico principal os conceitos de Inconsciente e
Individuação da psicologia analítica junguiana; a prática da Arteterapia de Liomar Quinto de
Andrade e de Angela Phillipini; o conceito de transdisciplinaridade, de Maria Cândida Moraes,
Nicolescu, D’ambrosio; e a concepção de Educação Libertadora de bell hooks e Paulo Freire.

A mudança nos hábitos alimentares nas últimas décadas tem impactado a saúde das pessoas e com isso as Condições Crônicas não Transmissíveis têm aumentado a cada ano no Brasil e no mundo. A escolha alimentar não é um processo simples e decorre de vários fatores, recebendo influência das condições socioeconômicas, das mudanças na rotina diária das famílias, além de ter interferência do marketing das indústrias de alimentos. O aumento do acesso a informações disponíveis nas redes de comunicação tem causado impacto nas escolhas alimentares e consequentemente na saúde. A Educação Alimentar e Nutricional é uma das diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar, sendo uma importante estratégia para promoção da saúde. O cuidado com a alimentação da família requer uma consciência de que a alimentação envolve não somente os processos bioquímicos, mas todo um envolvimento social, político e econômico e de disponibilidade de alimentos, partindo do pressuposto que a alimentação saudável e adequada é um direito garantido por lei e que nem todos têm acesso a alimentos saudáveis e seguros do ponto de vista nutricional e ambientalmente sustentável. O presente trabalho teve como objetivo conhecer o perfil alimentar dos pais de escolares do 5º ano do ensino fundamental I da Escola Sesi Dom Bosco de São João del-Rei/MG, bem como avaliar seus conhecimentos sobre alimentação saudável, além de identificar quais determinantes das escolhas alimentares por parte dessas famílias. Para coleta de dados foi aplicado um questionário semiestruturado e participaram desta pesquisa 45 pais e ou responsáveis dos alunos, sendo um estudo transversal, quantitativo, de análise quantitativa descritiva. Foi verificado que a maioria das famílias ainda mantém uma alimentação tradicional brasileira, presente o arroz e feijão, leite, com um consumo de uma a duas frutas por dia, e revela a presença de legumes e verduras na alimentação em 84% dessas famílias. Todos os partícipes descrevem como saudáveis os alimentos in natura ou minimamente processados e como não saudáveis os ultraprocessados de acordo com a nova classificação do Guia Alimentar para a População Brasileira, mas sem mencionar questões como os modos de produção de alimentos, produtos agroecológicos, bem como valores afetivos e culturais que envolve o ato de se alimentar. Podemos concluir que a visão pluridimensional que envolve o ato de se alimentar não foi mencionada, pressupondo uma visão reducionista da alimentação. Os dados coletados e analisados servem de subsídios para propor uma Educação Alimentar e Nutricional que vá além do trabalho na escola, envolvendo também os pais que são responsáveis por formar os hábitos de seus filhos.

A presente pesquisa busca a poética e a subjetividade do vestir em práticas artísticas contemporâneas. A primeira parte desse fazer passa pela autobiografia, pela prática do Brechó de Trocas e pelo livro “O Casaco de Marx” de Peter Stallybrass. Essas três sessões entendem o vestir não apenas como uma necessidade social, mas também como um lugar histórico e afetivo. O objetivo dessa investigação é observar a poética e a vida social das coisas apresentadas nos trabalhos de Emily Spivack, Regina Galindo e Christian Boltanski desembocando no refletir do descarte e das implicações de entender o vestir como situação poética e histórica. O percurso dessa procura entende que pensar a roupa como um espaço afetivo pode levar a uma percepção mais sustentável do uso de roupas;

Este projeto de pesquisa consistiu na construção de jardinsterapêuticos na residência de alunos
da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), na cidade de São João del-Rei
(SJDR), e, a discussão em torno de como pessoas com diferença funcional são enxergadas pela
sociedade. O objetivo era proporcionar bem-estar e desenvolvimento por meio dos estímulos
sensoriais gerados pelos jardins. Inicialmente, a proposta do estudo era a realização da prática
na associação, dialogando desde a avenida a qual está localizada até a edificação central, de
maneira a aproximar a população local dos estudantes. Entretanto, devido ao atravessamento
da pandemia do COVID-19, onde a maioria dos estabelecimentos foi fechado para que fosse
possível exercer o distanciamento social, o lugar da confecção foi modificado para três
residências de quatro crianças que estudam na APAE, entre 4 e 6 anos de idade. Devido às
conformações das casas, optou-se por dividir o jardim terapêutico em horta e percurso sensorial.
No decorrer da pesquisa, estabeleceu-se a devolutiva de construir o jardimnas dependências
físicas da APAE quando as aulas retornassem de forma presencial em 2022. Os métodos de
abordagem e procedimento utilizados nesta pesquisa, foram o hipotético e dialético, e, histórico
e estudo de caso. A documentação direta foi construídapela pesquisa de campo, onde foram
utilizadas as metodologiasApplied Behavior Analysis(ABA) e TiNi. Os resultados obtidos
foram satisfatórios, onde para além do desenvolvimento e bem-estar das crianças, houve
também um impacto positivo nas mães e avó,que eram as adultas responsáveis por conceder
entrevistas e estimular nos filhos e netos o uso dos espaços. Foi possível concluir, portanto, que
apesar dos percalços enfrentados ao longo da pesquisa, a hipótese foi respondida e, em
diferentes escalas e ambientes, os jardins terapêuticos podem ser replicados, agora com
comprovações da sua eficácia.

O propósito deste trabalho é realizar uma reflexão crítica à colonialidade, informada por uma perspectiva artística reflexiva sobre as possibilidades de utilização de materiais de refugo das marcenarias da cidade de São João del-Rei – MG. Descrevo memórias acerca de vivências pessoais em uma marcenaria familiar, bem como uma experiência com a arte ativista na cidade de São João del-Rei. Realizo, também, um relato sobre a expansão de marcenarias na região e discorro sobre o que fazer com seus materiais de refugo, tendo os resíduos de madeira como alvo principal. Para atingir o objetivo, fui a campo e visitei marcenarias. Acompanhei o processo de fabricação de móveis. Colhi materiais, desenvolvi ideias e produzi objetos de arte e artesanato, mostrando diversas possibilidades de geração de renda para artistas e artesãos.

Estamos diante de um modelo desarmônico de desenvolvimento que tangencia questões mentais, políticas, econômicas, científicas, sociais, urbanas e a consequente desconexão entre sistemas vivos. É necessário repensar atos que poderão contribuir com mudanças de atitudes para as questões ambientais, de modo a reconectar o mundo natural a um sistema global mais ético e capaz de projetar capacidades, ao invés de apenas explorar o que existe.  É neste contexto que surge a proposta para investigar como práticas regenerativas se apresentam em tecnologia comunicativa digital que apoia projetos-redes. Ou seja, realizar uma análise da tecnologia que apoia redes digitais na perspectiva da consciência crítica a respeito de relações ecológica em sistema sociotécnico na transformação digital.

A presente pesquisa propõe analisar os espaços esquecidos da cidade: Os vazios
urbanos. Também foram analisadas suas ocupações territoriais e como a agroecologia é
empregada em projetos focados na sustentabilidade. Qualquer uso do território
fragmentado, vazios na malha urbana, gera impactos na paisagem, no bem estar e na
qualidade de vida dos cidadãos. Esses espaços residuais possuem potencialidades
variadas de usos que podem agregar a economia e a segurança alimentar urbana. Há
algumas políticas públicas e planejamentos que incentivam a produção de espaços mais
sustentáveis em lotes vagos e leis que auxiliam as reivindicações populares que
requerem um melhor planejamento do território com gestão efetiva nas cidades para se
tornarem mais equitativas. Diante dos conflitos entre diversos agentes, no contexto
neoliberal e capitalista em relação a disputas do território urbano, há resiliência dos
vazios no território. Quais são as condições para ressignificar a paisagem urbana? Como
aproveitar suas potencialidades de áreas livres como “respiros” verdes para cidades
cinzas e densas? Por meio dessas reflexões e estudo de caso de projetos de leis
semelhantes de hortas urbanas das cidades mineiras de Varginha e Sete Lagoas, serão
analisadas e comparadas suas execuções, motivações, impactos locais e estruturas
urbanas de ambas as cidades, com a transformação das paisagens urbanas mais verdes
pelo usos temporários sustentáveis no solo urbano. Além de debater sobre as
implementações de projetos de leis de hortas urbanas em lotes vagos, esta pesquisa
conta com um almanaque informativo que foi elaborado para acompanhar essa
dissertação e que servirá como resultado da prática, que tem intuito de auxiliar a difusão,
servindo como material para a capacitação agroecológica oferecida pela assistência
técnica da Emater de Varginha no programa Pró Horta da mesma cidade, localizada no
sul do estado de Minas Gerais. Espera-se que tal trabalho sirva de base para pesquisas
futuras acerca dos temas relacionados ao urbanismo, vazios urbanos, ocupações
territoriais e hortas comunitárias urbanas em cidades que pretendam ter políticas públicas
similares às aqui apresentadas .

O presente trabalho tem como principal objetivo de produzir conhecimento no que tange o estudo do conceito de Urbanismo Agroecológico como uma contribuição subversiva aos processos em curso no urbano. A lógica do urbanismo neoliberal está fortemente presente na maneira como as cidades são regidas, o que provoca um crescimento e desenvolvimento desigual, evidencia e intensifica a polarização das classes sociais e causa danos inumeráveis ao meio ambiente, refletindo nos espaços as injustiças do sistema. Entende-se assim a necessidade de buscar um caminho para uma transição e construção de um novo paradigma, e a proposta do trabalho é mostrar como a integração entre a agroecologia e o urbano é potente nesse sentido. A Agroecologia é um conceito transdisciplinar e une conhecimentos científicos, saberes locais e populares no manejo ecológico da terra para uma agricultura sustentável, protegendo os recursos naturais. A partir de um olhar sistêmico, ela integra as dimensões econômica, social, ambiental, cultural, política e ética. Para a parte prática da pesquisa, foi veiculado um questionário online para os membros de Grupos e Núcleos de Estudos em Agroecologia de Minas Gerais, com perguntas que buscaram investigar elementos da vivência das pessoas que já conhecem a agroecologia, o impacto da conjuntura causada pela pandemia da COVID-19 nessa vivência, bem como relatos de experiências e suas percepções acerca da relação entre agroecologia e o urbano. Com uma participação de 34 pessoas de 12 Grupos/Núcleos diferentes, a pesquisa apresentou resultados satisfatórios, diversos e que proporcionaram múltiplas análises. As respostas obtidas demonstraram as transformações na vivência daqueles que conhecem a Agroecologia, a partir de um olhar mais atento ao alimento, sua produção e às pessoas envolvidas no processo, preocupação com a saúde humana e ambiental, um entendimento de outra economia possível, a necessidade da quebra das dicotomias entre campo e cidade, sociedade e natureza, bem como uma imaginário repleto de possibilidades para implementação de um Urbanismo Agroecológico. Assim, pensar em uma vertente do urbanismo que seja guiada pelos princípios da Agroecologia é potencializar a Agricultura Urbana em todas as suas pautas, levando-as para o universo acadêmico e profissional, em uma abordagem interdisciplinar.

A investigação parte de um incômodo pessoal, como cidadã sanjoanense, ciclista – e pedestre – de me deslocar pela cidade. Daí surgiram estudos sobre mobilidade e caminhabilidade com foco no desenho urbano, na morfologia da cidade de médio porte e sua relação com a taxa de sinistros1 de trânsito, especificamente de São João del Rei. Uma das primeiras questões levantadas foi porque as calçadas são tão estreitas e ocupam uma faixa tão pequena da rua? Há espaço para alargamento de calçadas e implantação de ciclovias, por exemplo, mas porque isso não é feito? E ainda, porque o que se faz é o contrário: aumentar o espaço para os carros em detrimento do espaço para os pedestres e não motorizados? Uma primeira pesquisa bibliográfica aponta em algumas direções para buscar essas respostas, como na relação entre espaço e sociedade, capital e política, envolvendo toda a questão sobre a formação urbana no mundo e no Brasil, com suas especificidades e localidades. A investigação proposta atravessa o conceito de Escala Humana aplicada na mobilidade, objeto a ser investigado através do desenho urbano – parte integrante do tripé desenho-planejamento-gestão, no qual o desenho está mais ligado à forma, o planejamento à elaboração de um plano e a gestão à implementação e manutenção -. Para tanto tem-se um recorte espacial que abrange parte do bairro Matosinhos, na cidade de São João del Rei – Minas Gerais. A área chama atenção pela grande quantidade de sinistros de trânsito e suas consequentes vítimas, evidenciando a necessidade de criação e implantação de um plano de mobilidade coeso. A primeira etapa, segundo a Prefeitura Municipal de São João del Rei, já está pronta e segue em trâmites no legislativo, entretanto o documento ainda não se fez público e não há notícias sobre o mesmo, deixando um vácuo no que diz respeito ao tema na cidade.

A criação das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos. Os costumes e hábitos no uso da água e a produção de resíduos pelo exacerbado consumo de bens materiais são responsáveis pela maior parte das alterações e impactos ambientais. Dentro desse contexto, alterações ambientais físicas e biológicas, ao longo do tempo, modificam a paisagem e comprometem os ecossistemas. Nesse sentido, a cidade de São João del-Rei/MG produz, aproximadamente, 120 toneladas de lixo e resíduos por dia e possui grandes desafios na sua destinação adequada. A partir dessa premissa, a proposta dessa pesquisa é buscar soluções e transformações de resíduos descartados, inadequadamente, em produtos e serviços úteis à sociedade, de forma que se possibilite, também, a sensibilização ambiental e o desenvolvimento da economia local, através de parcerias com instituições e associações envolvidas na coleta de resíduos, bem como através de empresas públicas e privadas no apoio e comercialização desses produtos

O presente trabalho de pesquisa apresenta um registro sobre experimentações práticas de
pesquisa-ação no campo da Educação Ambiental, visando a conscientização ambiental no Parque
Ecológico Municipal da Serra do Lenheiro, em São João del-Rei, Minas Gerais.
Considerando a conjuntura política e social do período em que esta pesquisa foi realizada, as
experimentações práticas buscaram formas de interagir e informar diferentes grupos de pessoas que
interagem com a Serra do Lenheiro, revelando considerações importantes acerca da interação entre
pessoas e território estudado.
Os resultados e desdobramentos das experimentações contribuíram para a construção de
uma biblioteca de dados sobre o território estudado. Para que fosse possível o compartilhamento
dos dados obtidos na pesquisa com a população, foi proposto a construção de uma interface que
atendesse a essa condição.
Por fim, a pesquisa apresenta considerações importantes sobre a Serra do Lenheiro em suas
diferentes escalas e apresenta uma proposta de disseminação de conhecimento e conscientização
ambiental.

Os movimentos socias, vêm de décadas de lutas por direito e equidade. Utilizando o estudo de caso de caráter exploratório descritivo e a análise de conteúdo, analisou-se aqui as ações de quatro grupos: Agricultura de Pé no Chão, Coletivo Pirilampo, Cor&Ação e Filhos das Estrelas, todos eles da cidade de Barbacena-MG. Diante do cenário de paralisação das atividades presenciais, a pesquisa foi baseada em ações anteriores à 2020 e em suas redes sociais. No primeiro capítulo relacionamos os movimentos urbanos a conceitos como arte, urbanidade e sustentabilidade. No segundo capítulo, foi trabalhado o estudo de caso, destacando e discutindo sobre as atividades de cada grupo, associando com os temas de destaque. Enquanto o terceiro capítulo, se baseia na análise de conteúdo articulada a partir das redes sociais desses movimentos, gerando dados qualitativos, que permitiram entender melhor os discursos dos mesmos e suas aplicabilidades práticas. O capítulo quatro e último, trabalhou-se a discussão dos movimentos sociais, que mesmo sem se considerarem núcleos de educação não-formal, podem ser entendidos como tal; como agentes de formação transdisciplinar, humana e ecológica. Por fim, articulou-se a visão da pesquisadora, seu percurso até esse tema de pesquisa e seus projetos artísticos oriundos desse trabalho. Com base nos dados e estudos realizados, foi possível reafirmar a extrema necessidade dos movimentos sociais, em suas mais diversas possibilidades, nos processos de formação social, ambiental e política, tanto em seus ideais, como em suas ações.

Esta dissertação discorre sobre as possibilidades que o jogo teatral proporciona ao trabalho transdisciplinar, tendo como arcabouço a sustentabilidade, a urbanidade e a decolonidade e utilizando as perspectivas de reflexão e de se colocar no lugar do outro que, muitas vezes, a arte da cena proporciona. Acredita-se que o jogo possibilita o  fortalecimento da identidade das pessoas envolvidas no que tange ao espaço urbano, ao senso comunitário, à exaltação da sua cultura individual e local e à reflexão sobre seu lugar na sociedade, elementos que, frequentemente, são silenciados pelo processo de sobrevivência seja na comunidade, seja no interior do sistema prisional. O local onde a pesquisa foi desenvolvida, a Escola Estadual Detetive Marco Antônio de Souza, é espaço formal de educação voltado para jovens e adultos privados de liberdade. A finalidade deste estudo foi realizar e discutir com eles como o jogo teatral pode articular a realização de debates sobre artes, urbanidades, sustentabilidade e decolonidade por indivíduos privados de liberdade, por meio de uma proposta de oficina/vivência, querespeita a cultura do estudante e o faça refletir sobre a sociedade, como ela é formada e os motivos coloniais nela existentes, os quais o levaram a ter sua liberdade cerceada. Tendo em vista os problemas advindos da pesquisa, que a levaram a passar por diversas alterações, e, considerando que a metodologia utilizada foi a cartográfica, apresentamos, cartograficamente, os afetos e perceptos dos percalços que nos levaram a apresentar a proposição a que chegamos.

Este estudo trata de uma horta comunitária agroecológica, feita por mulheres, no município de Santa Cruz de Minas – MG, denominada Nossa Horta. O objetivo geral do trabalho foi perceber as transformações que esse projeto produz no meio em que se insere e nas mulheres que integram a horta. Foi realizada uma pesquisa teórica, bibliográfica e documental, sobre os componentes teóricos presentes na horta, que explora os conceitos: desigualdade de gênero, empoderamento feminino, feminismo, ecofeminismo, Agroecologia e agricultura urbana, como arcabouços teóricos e práticos capazes de promover a regeneração ambiental e social.
A partir de entrevistas, da pesquisa documental e da observação participante, foi feita uma análise da Nossa Horta sob diferentes aspectos relacionados à pesquisa teórica. Foram aqui descritas quatro vivências oferecidas pela autora junto às integrantes do projeto no decorrer da pesquisa, relacionadas às temáticas do empoderamento feminino e da consciência ambiental. Esta pesquisa identificou que a Nossa Horta colabora para o bem-estar social da comunidade em que está inserida e impacta positivamente o meio ambiente urbano, constituindo um canal de promoção do empoderamento feminino e da consciência ambiental das pessoas envolvidas. Este trabalho demonstra que a Nossa Horta é uma ação com força política, que merece ser reproduzida em outros locais e contextos. Trata-se este projeto socioambiental, de uma iniciativa local que apresenta soluções para problemas globais e, para que tenha continuidade, deve ser pensado como uma política pública.

O presente trabalho procura compartilhar sob a cunhagem de um novo conceito
(Gravura Imaterial / gravura imaterial) as gravações internas encontradas na relação

entre memórias e sentimentos. Trata-se, então, de uma percepção artística do artista-
pesquisador que a utilizou para entender o processo de desenvolvimento urbano

contemporâneo no município que passou a acolhê-lo ao final de 2015 (Tiradentes, Minas
Gerais). Para isso, o artista recorre não só sua leitura poética de mundo contida no
conceito proposto, mas também a metodologia da cartografia e a intelectuais como
Walter Benjamin, Giorgio Agamben, Buyng Chul-Han, Andre Gorz, Gilles Lipovetsky,
Jean Serroy, Ailton Krenak entre outros. Traçando um paralelo assim com a sua poética,
as vivências na cidade que o acolhe e um pensamento filosófico.

A pesquisa tem como finalidade cartografar os afetos evocados em encontros promovidos em um estágio docente, compreendendo os fatores que norteiam as ações dos planejadores-educadores. Ao mapear os afetos da pesquisadora que conectam o território, o qual é contemplado pelos componentes vivos, físicos e a memória histórica em praças públicas da cidade mineira de São João del-Rei, houve a participação de vários atores sociais, todos conceituados como planejadores-educadores: os discentes matriculados na disciplina e a população transeunte, tal como moradores das proximidades e população em situação de rua. Ao cartografar os afetos pretendeu-se também vislumbrar a experiência cotidiana nos micro-contextos urbanos, ao perceber os movimentos que compõem estes múltiplos corpos nos territórios, compreendendo, portanto, os olhares e sentidos dos territórios com a população envolvida. A metodologia parte da cartografia esquizoanalítica de Gilles Deleuze e Félix Guattari, onde rizomaticamente utilizou-se de registros fotográficos, diário de campo, diálogos não estruturados, composição conjunta de mapas e confecção de produtos materialmente artísticos. Estimou-se registrar a forma de viver anterior à pandemia do novo coronavírus em 2020, expondo afetos como uma forma de também expor desigualdades e a arte construída da população em situação de rua, explicitando-os como atores sociais ativos

A relação entre festas populares e cidade é determinante para o desenvolvimento e constituição

das relações sociais, subjetivas e urbanísticas. No Brasil, o carnaval representa um rito nacional.

Partindo de uma provocação aos moldes deluzianos: “o que pode um bloco de carnaval?”; e

compreendendo esse bloco enquanto dispositivo da cultura popular na ocupação de um espaço

da cidade, deu-se uso da plataforma da Estação Chagas Dória, uma estação de trem desativada

na cidade de São João del-Rei, MG. Este espaço foi plataforma para as atividades do bloco.

Entre 2017 e 2020 foram realizadas diversas oficinas, ensaios e performances carnavalescas.

Neste processo se criou e transmitiu uma identidade do bloco, através, principalmente, de ritmos

musicais tradicionais brasileiros, pela escolha dos repertórios, instrumentações, identidades

visuais, artes e estratégias de divulgação pelas redes sociais. Esse processo será aqui narrado e

compreendido através da cartografia afetiva. Compreendendo o cunho político de resistência

cultural através da ocupação do espaço e do ensino dos ritmos tradicionais. Buscou-se olhar

para conexões não lineares, multiplicidades e rupturas desse processo, através de um viés

rizomático.

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A pesquisa “apontamentos sobre a história do Centro de Referência de Cultura Popular Max Guedes – CMAX” apresenta estudos sobre a criação do CMAX e seus núcleos de memória: os museus do Barro e de Vivências e sua trajetória como uma instituição Universitária ligada à Pró-reitoria de Extensão da UFSJ. O trabalho tem o intuito de verificar como a comunidade é representada nestes espaços culturais, através dos diversos projetos desenvolvidos por alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação da UFSJ; relatar sua história de implantação; estudar os dois espaços museológicos e sua relação com a museologia social. O trabalho faz um registro de ações que permitem uma maior compreensão de como se dá o processo de conhecimento que a partir da teoria e prática que se transforma em ferramentas que contribuam para revelar “modos operacionais de compreender e agir no mundo”, sob uma ótica transdisciplinar. Concomitantemente ao trabalho de escrita da dissertação, foram realizadas costuras utilizando a técnica de patchwork que são usadas como representação imagética dos temas tratados e, especialmente, da construção metodológica da pesquisa.

Na margem da margem estão locais como Santa Cruz de Minas, e Dogtown, em Santa Mônica, Califórnia. Mas o que estes locais têm em comum? Piscinas abandonadas e uma série de intervenções que modificam e ressignificam os espaços ociosos da cidade com base na cultura urbana, mobilizadas especialmente pelo grupo social dos skatistas. E essa transformação socioespacial tem características que poderão ser analisadas e melhor compreendidas com a contribuição de Deleuze e Guattari (2011), sobretudo com a complexidade e os rizomas, que nos guiarão por uma cartografia de skate por locais esquecidos. Dentro dessa perspectiva da rua, daremos ainda atenção à ação dos artistas urbanos, como grafiteiros, pixadores, malabaristas e diversas modalidades que vão ocupando os espaços fora das galerias e das casas de espetáculo. Isso porque revelam uma apropriação simbólica que remonta, por meio de imagens e performances corporais, fatos esquecidos na sobreposição de camadas históricas existentes nestes locais. Porém, antes de uma imersão nas intervenções descritas, é importante contextualizar questões históricas que se deram na formação da identidade dos santacruzenses e dos skatistas enquanto grupo social, o que será feito no Capítulo 1 a seguir.

O desenvolvimento do turismo em Tiradentes, Minas Gerais, tem promovido mudanças
significativas no espaço urbano e nas relações socioespaciais da população local. Logo, este
trabalho se propõe a analisar essas alterações a partir das vivências fotográficas
educomunicativas, desenvolvidas com secundaristas da Rede Pública de Ensino do município,
de forma inter-transdisciplinar nos campos das artes, urbanidades e sustentabilidade. Essas
vivências constituem o objeto de estudo da pesquisa em foco, cujo objetivo geral é contribuir
para o aprofundamento do aparato crítico-apreciativo da população local de Tiradentes, a partir
do desenvolvimento de experiências fotográficas como práticas educomunicativas. Portanto, o
corpus de análise é composto pelas atividades em que a fotografia atua como propulsora da
valorização da cultura regional, bem como do desenvolvimento da consciência crítica dos
envolvidos, diante dos processos de gentrificação desencadeados pela revitalização e
exploração turística do Centro Histórico. Para tanto, foram realizadas cinco vivências, a saber:
cartografia afetiva que consiste na produção de mapas afetivos da cidade; entrevista
semiestruturada composta de questionário para obter informações sobre os dados pessoais e as
preferências dos estudantes; noções básicas de fotografia por meio de oficina; práticas
fotográficas educomunicativas viabilizada por oficina sobre o uso da câmera semiprofissional;
e passeio fotográfico pela cidade com intuito de produzir imagens. Essas ações possibilitaram
a coleta dos dados analisados, bem como a produção de imagens para a exposição fotográfica,
fomentando os debates em sala de aula. A metodologia aplicada para análise das vivências
desenvolvidas com esses jovens foi a cartografia afetiva. O trabalho apresenta também a revisão
de literatura da base teórico-conceitual que fundamenta a análise proposta.

O objetivo geral desta dissertação foi avaliar a contribuição da experiência da Granjinha Escolar para o Bem Viver dos educandos da Escola Municipal João Pio, localizada no bairro Águas Santas, no município de Tiradentes. Considerada uma vivência educomunicativa e transdisciplinar, a Granjinha Escolar é uma área da escola destinada ao cultivo de hortaliças para consumo próprio, de plantas ornamentais, como flores, para a venda, além de plantas alimentícias não convencionais e ervas medicinais para a elaboração de fitoterápicos. A intervenção cartográfica e a coleta de dados por meio da observação participante foram as metodologias utilizadas para descrever a experiência da horta escolar e os saberes envolvidos nessa prática, identificar os hábitos de consumo relativos à rotina alimentar dos estudantes, por meio da merenda servida na instituição, e relacionar a experiência da horta escolar com a saúde preventiva. Os signos relacionados à mudança de qualidade de vida foram, assim, mapeados, com base nos estudos de Paulo Freire, Ismar Soares, D’Ambrosio, e Helena Antipoff.

Esta dissertação tem o objetivo de identificar, por meio da análise de
documentos da Venerável Ordem Terceira do Carmo de São João del Rei – VOTC,
o perfil social de seu sodalício, quais e quem eram seus irmãos e as suas relações
com a comunidade. Da mesma forma, pretendem-se demonstrar como essa
estrutura social se apresenta em termos de sua relação com as artes, as
urbanidades e sustentabilidade, áreas do PIPAUS. Em princípio os estudos tratariam
da pesquisa documental e bibliográfica, mas no primeiro contato com o acervo
documental da Ordem, constatou-se que seu estado de conservação necessitariam
uma intervenção imediata e, por meio do Labdoc – UFSJ foi iniciado o processo de
desinfecção, higienização e posterior isolamento. Esse processo passou a constituir
o escopo da dissertação, bem como as fotografias feitas de parte dos documentos,
as quais foram fundamentais para a análise documental que se sucedeu, tudo isso
vinculada a uma preocupação ainda maior acerca da conservação do patrimônio
histórico e cultural da região.

A humanidade e seus sujeitos sempre foram influenciados por seus espaço e tempo, que em meio aos pensamentos próprios destes sujeitos refletem esta relação de existência no contexto social, produzindo memórias que, historicamente, se subdividem em camadas. Entre as diversas esferas que o espaço, o tempo e a memória geram está a relação do homem com sua a criatividade e seus processos criativos e, uma vez que este indivíduo habita a cidade, sua relação de espaço e tempo passa a ser uma relação social urbana, que pode ser refletida e distribuída pela cidade na forma de registro efêmero, seja por meio de inserções artísticas, intervenções urbanas ou registro fotográfico das mesmas. Neste aspecto esta pesquisa aborda como os aspectos de espaço (1), tempo (2) e memória (3) contribuem para a constituição de processos criativos de urbanografia e criatividade coletiva, com foco em estudos que envolvem camadas de memória da cidade de São João del-Rei. Como espaço (1) entende-se o local que estão ou são realizadas as obras de arte, e a forma com que este espaço interfere nos insights criativos; como tempo (2) entende-se o contexto histórico e temporal na constituição de tais obras, que podem ou não ser efêmeras, assim como as mesmas relacionam com a contemporaneidade no mundo digital e, como memória (3), o registro que o indivíduo, seja ele artista ou apreciador, deixa no espaço que vai de encontro às camadas históricas (tempo) analisadas nesta pesquisa. Outro aspecto importante abordado são as relações existentes nesta memória cada vez mais ubíqua no âmbito digital do ciberespaço e da contemporaneidade. Portanto, foram traçados paralelos de produções artísticas diversas, com maior destaque para intervenções de urbanografia em São João del-Rei, em que se analisou pichações e intervenções urbanográficas, comparando características visuais com outras cidades brasileiras. A metodologia de pesquisa utilizada é a pesquisa qualitativa, uma vez que envolve análise visual e incursões etnográficas à deriva pela cidade, bem como alguns experimentos de produções artísticas no campo da fotografia e do audiovisual, que englobam aspectos de interação e insights criativos provenientes de características urbanas da cidade possibilitando como resultado um arcabouço para uma análise contemporânea da relação do homem com seu espaço, tempo e memória.

A pesquisa apresenta uma cartografia afetiva em territórios existenciais agenciados nas aulas de Yoga do projeto Yoga Para Todos, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Trata-se de um mapa relacional que procura entender como os afetos se apresentam nos corpos dos alunos e instrutores envolvidos nas aulas, considerando a relação e as influências com o espaço. Através de uma leitura de Satchidananda, Saraswati, Motoyama, Deleuze, Guattari, Ronilk, Rabelo, Kastrup, Bedin, entre outros, esta dissertação traz informações sobre o Yoga, limitadas ao que é pertinente para a pesquisa dada a extensão e profundidade dos saberes desta ciência, e procura produzir conhecimento sobre o corpo e seu poder de ser afetado, iniciado por questionamentos inspirados em Espinosa, e as relações deste corpo com o espaço público. Os registros realizados na cartografia são composições afetivas a fim de tornar sensível as vivências que o projeto Yoga Para Todos facilitou. Como as aulas de yoga, os devires nas fotografias, as entrevistas iniciadas a partir de um roteiro semiestruturado, o resgate subjetivo da memória do espaço e a corpografia do projeto Yoga Para Todos. Após este trabalho, foi possível compreender a rede de interações que o projeto Yoga Para Todos manifestou, como se formaram as conexões, os componentes agenciadores, os possíveis atravessamentos do local, e os afetos. No processo apareceram também as potências de expansão e a necessidade de ocupação de outros territórios. Houve linhas de fuga e desterritorializações. Além disso, instigada pelos textos e teses estudados, desenvolvi capacidades de reflexão crítica, observação afetiva e percepção ampliada da necessidade de atuações micropolíticas sustentáveis. Com o caminhar da pesquisa percebi que a prática de Yoga, como dispositivo de singularização, pode ser uma fissura no sistema modelizador de modos de existir, por ser um caminho, dentre outros, que contribui na formação de pessoas integralmente saudáveis, equilibradas e autônomas, com a consciência desperta para si e o meio que as cercam, capazes de modificar e potencializar suas ações no mundo.

O esvaziamento do espaço social e a consolidação de espaços de consumo apontam para a cidade como objeto de uma análise de duplo sentido: lugar de consumo ou consumo de lugar? Tendo como objeto de pesquisa a ressignificação das espacialidades urbanas em São João del-Rei, mais precisamente da Rua Marechal Bitencourt, analisa-se a dinâmica social urbana local e a sua relação com a materialidade da cidade, na busca pelo entendimento desses processos e de que forma podem se refletir em escala global. Aqui, propõe-se discutir a (re)produção do espaço incorporando questionamentos que se originam no contexto analisado, na busca por compreender como a ressignificação de determinada espacialidade concorre para a dinâmica de consolidação urbana de cidades de pequeno e médio porte. Para tanto, a metodologia geral é fundamentada no Método Regressivo-progressivo de Henri Lefebvre. Nessa discussão, São João del-Rei, apesar de demonstrar um processo ainda incipiente desse fenômeno de mercadorização e funcionalização da rua, sendo uma cidade na qual ainda se nota certo volume de pessoas em seus espaços públicos, um olhar crítico sobre suas dinâmicas socioespaciais já demonstra uma potencialização de seu valor de troca, principalmente em seu Centro Histórico, notadamente por meio do turismo. Os caminhos percorridos apontam assim, para a cidade como um processo relacional, na qual a rua se constitui ora como instrumento, ora como objeto de consumo. O mote desta pesquisa esteve, portanto, latente na forma como as reinvenções, ou ressignificações, por vezes se sobrepõem às tradições locais e à própria identidade de um lugar, na busca por um novo valor e uma nova imagem.

A globalização, percebida como fenômeno sistêmico, abarca uma série de dualidades. Uma delas, a relação entre espetacularização e democratização, é abordada de forma dialética nesta pesquisa. Busca-se compreender de que modo tal dicotomia se apresenta em projetos e ações culturais no meio urbano. Essa discussão é permeada pela análise do caso do Baixo Centro de Belo Horizonte (MG), local ocupado por diversas manifestações culturais que têm atraído o interesse do poder público no sentido da elaboração de iniciativas de incentivo à cultura. Em meio a essa conjuntura, emergem uma série de questões sobre os projetos apresentados e as várias formas de conviver no espaço público. Para melhor compreender essa dinâmica, são discutidos elementos relacionados à formação cultural e urbana brasileira, em que estruturas de dominação e segregação se mostram presentes desde o período colonial. Dessa forma, possibilita-se fundamentar a discussão acerca da espetacularização da vida e, mais especificamente, das cidades, no Brasil, assim como das possibilidades de transformação democrática nesse contexto. O Baixo Centro é discutido a partir dessa perspectiva, sendo abordado seu contexto histórico e sua dinâmica atual, onde grupos de interesse distintos propõe diferentes usos para a região, a partir da realização de projetos e ações culturais como forma de transformar o meio urbano. A disputa constatada no local é então analisada sob a ótica da dicotomia espetacularização–democratização. A análise realizada é permeada por uma contra-narrativa imagética, construída a partir do caminhar pela região, se propondo a contrastar teoria e realidade, aproximando-as. A partir desse ensaio fotográfico, pretende-se apresentar uma visão “de dentro” do objeto da pesquisa, sugerindo sua percepção através de uma perspectiva não espetacular.

Esta pesquisa realizou exercício reflexivo, abordando a religiosidade de uma comunidade, a partir de um grupo de 14 cantadores praticantes da Folia de Reis, da cidade de Carlos Chagas, no Vale do Mucuri (MG). Pretendeu-se refletir sobre as transformações culturais a partir deste grupo. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico. Técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas foram utilizadas para compreender os elementos históricos e culturais presentes nessa manifestação cultural. Foi possível perceber como essa prática sustenta relações, e como a diversidade étnica/cultural caracteriza essa região e sua vulnerabilidade diante do processo de Tecnologização da Cultura no contexto da constituição da cidade na contemporaneidade. Demostrou-se que o ritual da Folia funciona como mecanismo articulador de elementos, práticas, saberes, sentidos e significados, que remetem à existência de um grupo e sua singularidade. Para perceber isso, foi necessário ter contato direto com a comunidade, o que possibilitou uma ressignificação do papel do pesquisador, concretizando-se em pesquisa-ação, mobilização de agentes culturais e reformulação contínua de redes culturais locais.

Falar em abandonos compreende atravessar diversas camadas de territórios sedimentadas constantemente. Um movimento que não cessa de brotar uma vez que, compõem tanto a fisicalidade quanto as subjetividades das nossas cidades.

As cidades estão em constante fluxo – de informações, de rede, de capital e de relações – que conformam, produzem e transformam o espaço urbano. Enquanto a cidade se constitui como um organismo vivo, os abandonos parecem encarar uma certa letargia.

O abandono surge como fenômeno investigativo nessa pesquisa, em suas diversas camadas de relações, urbanas, sociais, econômicas, políticas, culturais e ecológicas. O paradoxo entre ausência de uso e liberdade criativa permeia e estrutura a escrita desse trabalho, que busca contrapor as contradições urbanas que os formam e as ações poéticas que os resignificam.

Toda a discussão é atravessada pelas escalas das cidades, fazendo um movimento de aproximação e distanciamento, ora das metrópoles, ora das pequenas e médias cidades, buscando compreender a dialética entre revitalização e apropriação presentes no abandono. A análise das ruínas pós-modernas do Frigorifico Santa Cruz Ltda., na pequena porção territorial de Santa Cruz de Minas, atravessa sua estrutura física e alcança um território cultural de apropriações distintas.

Avistar vitalidade no abandono materializa imaginários urbanos possíveis despertados pelas ações. Ações que ocorrem espontaneamente e se aproximam da realidade do local, construindo culturas alternativas e contribuindo para a sustentabilidade urbana e cultural.

Pela Greta é, portanto, uma proposta de leitura crítica dos espaços da cidade, que aborda a arte enquanto formadora de dinâmicas urbanas e gera questionamentos e reflexões que ultrapassam a formação urbana. Compreender o abandono como fenômeno produzido socialmente indissociável na produção de cidades e nas relações entre natureza e cultura, demonstra a complexidade e a abrangência dos temas que iremos abordar.

Esta dissertação tem por objetivo abordar a chegada da atividade de exibição cinematográfica da cidade de São João del-Rei no contexto de sua modernização em fins do século XIX e primeira metade do século XX e como esta se sedentariza em edifícios específicos, os quais hoje podem ser interpretados como patrimônio cultural.

O cinema, nova forma moderna de entretenimento, foi apropriado de formas diversas pela sociedade aqui estudada e transformou não somente o imaginário local, mas também o espaço urbano, por meio da adaptação e construção de edifícios para sediá-lo: os cineteatros e os cinemas de rua. Dentre estes foram aqui analisados o Teatro Municipal, o Cine Glória e o Clube Teatral Artur Azevedo, edifícios que podem ser considerados um relato edilício documental desse período.

Esta pesquisa foi realizada com uma base documental diversa, que inclui jornais, periódicos, almanaques da cidade, fotografias, anúncios e documentos de projetos dos edifícios, datados do período de suas concepções.

Considerando os edifícios, testemunhos vivos e materialização artística da urbanidade de um determinado período, foi dada uma especial atenção ao processo de concepção arquitetônica dos mesmos por meio da digitalização e análise de seus projetos arquitetônicos, pois estes constituem um importante patrimônio cultural documental, que tem potencial na manutenção destes edifícios e como fonte de pesquisa.

O presente trabalho estuda a peculiar atividade artesanal de tecelagem manual de Resende Costa MG, considerando abordagens que permeiam as suas configurações tradicionais, bem como, as suas condições atuais, pautadas no crescimento do mercado de artesanato. Segundo dados históricos, a atividade chegou ao município por meio dos portugueses, que vieram residir na região no século XVIII, e se difundiu entre as mulheres da época. Com o conhecimento repassado entres as gerações, essa tradição da produção têxtil foi aos poucos se desenvolvendo, ampliando suas demandas e se tornando fonte de renda para a maioria dos seus moradores. Dessa forma, ao longo dos anos, a fim de acompanhar esse crescimento que permeou o mercado, foram necessárias várias inovações no processo de fabricação. Algumas delas consideradas inevitáveis e necessárias, outras que comprometeram profundamente a originalidade das peças a serem vendidas. Devido a vários fatores, parte do processo tradicional da tecelagem artesanal foi deixada para trás, reduzindo a riqueza artística dos produtos. A maioria dos artesãos focou na repetição e no lucro, simplificando a composição das peças e descartando os “repassos” 1, ditos de execução mais complexa e utilizados pelas primeiras tecelãs da cidade. Diante disso, o principal objetivo deste trabalho é o reconhecimento da técnica tradicional da tecelagem manual, considerando as características do seu processo completo, como fonte indutora do processo criativo do artesão resendecostense atual. Acredita se que esta ação trará mais consciência de seus moradores em relação à valorização da técnica e à sua importância como bem imaterial do município estudado. A pesquisa em questão apresenta um estudo de caso que, por meio de entrevistas e outros levantamentos em algumas instituições públicas municipais, analisou cautelosamente as condições atuais, buscando propostas condizentes com a realidade social e que são capazes de conciliar tradição e inovação dentro do mercado da tecelagem existente. Levando em conta a complexidade e amplitude do tema, no que diz respeito ao seu caráter social, artístico e econômico, pode se afirmar que tal conteúdo se mostrou pertinente em relação à transdisciplinaridade, na medida em que, abarcou várias abordagens sobre arte, sustentabilidade e urbanidade.

Poética das Peles é uma proposta de ação sensível por meio do Contato Improvisação em diálogo com as Cinco Peles (Epiderme, Vestuário, Casa, Meio Social, Meio Global) propostas por Friedensreich Hundertwasser, visando a um entrelaçamento das áreas de conhecimento em Arte, Urbanidade e Sustentabilidade, numa perspectiva transdisciplinar. O ponto de partida é o diálogo da epiderme, primeira Pele, com a prática do Contato Improvisação (CI), movimentação do corpo em improviso que possui a pele como interface do contato. Pretende-se apontar como a prática sensível do Contato Improvisação propicia a percepção das dimensões do ser humano, reverberando em ações estéticas e políticas que visam a contribuir com as culturas de sustentabilidade. A sensibilidade se torna peça-chave para o entrelaçamento das diversas formas de conhecimento, sendo a premissa necessária para que ocorram transformações reais na sociedade. Portanto, o discurso sobre o corpo sensível se amplia para a reflexão da relação entre corpo e sociedade, tendo a prática do CI como possibilidade de desconstrução de hábitos, partindo do princípio de que temos o direito de modificar nossos corpos, casas, cidade e, por consequência, a sociedade em prol da qualidade de vida que são evidenciadas no cotidiano.